O caseiro Rogério Pires, que confessou à polícia em depoimento ter participado do crime que resultou na morte do coronel da reserva Paulo Malhães, na semana passada, denunciou também os dois irmãos como cúmplices da invasão ao sítio do militar. Segundo o delegado William Pena Júnior, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a polícia busca agora o quarto integrante da quadrilha.
A morte de Paulo Malhães, 76 anos, ocorreu um mês após ele prestar um depoimento a Comissão da Verdade admitindo que participou de sessões de tortura e do assassinato de presos políticos durante a ditadura.
Em depoimento, Rogério confessou ter participado do crime, ocorrido na última quinta-feira (24), no sítio do coronel, na área rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, depois que a polícia identificou várias contradições entre o primeiro depoimento prestado na última sexta-feira (25), após o crime, e o depoimento de hoje.
Não foram divulgados, no entanto, detalhes sobre como ocorreu o crime. Ontem, Rogério e a viúva do militar, Cristina Batista Malhães, foram ouvidos na delegacia. Além deles, três filhos do coronel também prestaram depoimento.
Confissão
Em interrogatório prestado à Comissão Nacional da Verdade no dia 25 do mês passado, Malhães, que atuava sob o codinome de Pablo, confessou crimes cometidos na chamada Casa da Morte de Petrópolis, um dos centros de tortura do regime militar. A entidade teme que possa ter havido crime de vingança.
O coronel disse no dia que não revelaria nomes de companheiros porque implicaria "uma série de outra sanções". Ao ser questionado se essas sanções seriam vingança, ele responde afirmativamente. "Não em mim, nos meus filhos".
No testemunho à Comissão da Verdade, Malhães deu sua versão sobre a operação do Exército para desaparecer com os restos mortais do deputado federal Rubens Paiva. Informou também que agentes do CIE mutilavam corpos de vítimas da repressão assassinadas em Petrópolis, arrancando suas arcadas dentárias e as pontas dos dedos para impedir a identificação.
Movimentos sociais e entidades governamentais querem a criação de um centro de memória no local da antiga Casa da Morte.