Lourival Correa Netto Fadiga escreveu uma carta em que confessa ter enterrado e concretado o corpo da advogada Anic Peixoto Herdy, logo após matá-la com um soco no pescoço. Essa é a alegação da advogada Flávia Fróes, segundo a TV Globo Rio.
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Em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, 24, a defesa afirmou que ele, que já é réu pelo caso, matou Anic em um motel em Petrópolis no dia 29 de fevereiro, data de seu desaparecimento. Depois, o acusado levou o corpo para um local na região serrana, onde o enterrou e concretou.
A versão do suspeito foi mudada. Segundo Flávia, Lourival escreveu na carta que matou a vítima mando de Benjamin Cordeiro Herdy, de 78, marido da vítima. De acordo com ele, os dois planejaram o crime juntos e forjaram o sequestro para encobrir o homicídio de Anic.
Apesar das alegações, a advogada não apresentou provas, mas afirmou que as apresentará durante a audiência, que ocorreu na tarde desta quarta-feira, 25, na 2ª Vara Criminal de Petrópolis.
O Terra não conseguiu localizar advogados de Benjamin, mas, ao g1, a defesa afirmou que a nova versão dada pelo réu "se trata de mais um ato de desespero e de crueldade":
“Diante do óbvio e inevitável fracasso em tentar imputar a responsabilidade à própria vítima, tese que tentou emplacar quando do início das investigações, Lourival novamente altera a sua versão e agora, após a conclusão das investigações, adota a patética estratégia de desestabilizar Benjamim e Lara, que em breve serão ouvidos em declarações na instrução criminal, ao atribuir a autoria ao marido da vítima. Como se observa, retirar a vida de Anic não satisfez Lourival. A dor e o sofrimento do marido e dos filhos da vítima também não foram suficientes”.
A defesa também afirmou que tanto Lourival quanto seus procuradores serão processados na esfera cível, criminal e disciplinar.
Caso Anic
Anic está desaparecida desde 29 de fevereiro após sair a pé de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. A família dela pagou R$ 4,6 milhões --em dólares, reais e bitcoins-- no dia 11 de março.
A polícia acredita que Anic teria participado do plano para forjar o próprio sequestro com Lourival. O objetivo era extorquir Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, marido de Anic.
Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), há suspeitas de que Anic tenha sido assassinada e seu cadáver tenha sido ocultado.
A polícia descobriu que o celular usado por Anic antes de desaparecer tinha um chip com o nome de Lourival. Ela ainda teria usado este número de celular para falar com ele e encontrá-lo fora do shopping, local onde foi vista pela última vez.
Já Lourival usava um chip no nome de Benjamin, marido da vítima. O número foi usado como sendo do 'suposto sequestrador' para enviar mensagens ao marido da vítima anunciando o sequestro.
O sequestrador desligou o próprio telefone celular no dia do sequestro, entre 09h19 e 15h36, e usou o chip no nome da vítima. A investigação apontou que o telefone fez o mesmo caminho que o carro de Lourival até encontrar com Anic. A hipótese é que a vítima tenha deixado o shopping a bordo do veículo de Lourival.
A polícia também analisou vídeo do estacionamento do shopping e identificou Anic colocando algo embaixo do banco do carro. O objeto seria o celular da vítima, que posteriormente foi encontrado por Benjamin.
Prisões
Quatro pessoas foram detidas, incluindo Lourival Correa Netto Fadiga, apontado pela Polícia Civil e pelo MPRJ como o mentor do sequestro. Amigo da família por três anos, Lourival apresentou-se falsamente como policial federal. Dois filhos de Lourival e Rebecca Azevedo dos Santos estão presos por suspeita de envolvimento no crime.
Um comerciante de Foz do Iguaçu, para onde Lourival e Benjamim viajaram juntos, afirmou que Anic e Lourival se apresentavam como namorados e que já os viu se beijando várias vezes. A investigação sugere que Anic, devido a esse relacionamento extraconjugal, pode ter inicialmente concordado com o plano criminoso de Lourival.
Suspeitos de envolvimento
Henrique Vieira Fadiga e Maria Luísa Fadiga, filhos de Lourival, são suspeitos de auxiliar o pai. Henrique teria recebido US$ 150 mil após a conversão de um depósito em reais.
A Polícia Civil também aponta que Maria Luísa teria permitido que o pai usasse seu nome para registrar uma picape comprada por R$ 500 mil em dinheiro, no mesmo dia do pagamento do resgate. Lourival também comprou uma motocicleta por aproximadamente R$ 30 mil.
Maria Luísa teria ainda a responsabilidade de receber 950 celulares comprados com o dinheiro de três depósitos de R$ 325 mil cada, feitos por Benjamim em contas de empresas importadoras, conforme as investigações.
Rebeca Azevedo Santos é suspeita de participar da negociação para a entrega dos celulares adquiridos com parte do dinheiro do resgate. Ela já foi apontada como ex-namorada de Lourival e também como amante dele.
Pagamento aos suspeitos
A quantia para o resgate de Anic foi colocada em uma mochila, que deveria ser entregue por Benjamim e Lourival no dia 11 de março em um shopping na Zona Oeste do Rio. Durante o trajeto, Lourival alegou ter recebido uma mensagem instruindo-o a deixar o dinheiro em uma lixeira no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, enquanto Benjamim aguardava no shopping.
A polícia descobriu que Lourival não foi a nenhuma comunidade, mas sim a uma concessionária, onde comprou a picape. Os quatro suspeitos estão sendo acusados de extorsão mediante sequestro.