Agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro localizaram nesta quarta-feira, 25, na casa de Lourival Correa Netto Fadiga, em Teresópolis (RJ), os restos mortais que podem ser de Anic Herdy, advogada que desapareceu em fevereiro deste ano.
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Ainda não se sabe se o corpo realmente é o da mulher. De acordo com a Polícia Civil, os restos mortais ainda estavam sendo retirados do local.
Por meio de uma carta, Lourival Fadiga confessou ter enterrado e concretado o corpo de Anic Herdy, logo após matá-la com um soco no pescoço. Ele também disse ter matado a vítima a mando de Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, marido da advogada. De acordo com ele, os dois planejaram o crime juntos e forjaram o sequestro para encobrir o homicídio.
O Terra não conseguiu localizar advogados de Benjamin, mas, ao g1, a defesa afirmou que a nova versão dada pelo réu "se trata de mais um ato de desespero e de crueldade".
Caso Anic
Anic está desaparecida desde 29 de fevereiro após sair a pé de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. A família dela pagou R$ 4,6 milhões --em dólares, reais e bitcoins-- no dia 11 de março.
A polícia acredita que Anic teria participado do plano para forjar o próprio sequestro com Lourival. O objetivo era extorquir Benjamin Cordeiro Herdy, marido de Anic.
A polícia descobriu que o celular usado por Anic antes de desaparecer tinha um chip com o nome de Lourival. Ela ainda teria usado este número de celular para falar com ele e encontrá-lo fora do shopping, local onde foi vista pela última vez.
Já Lourival usava um chip no nome de Benjamin, marido da vítima. O número foi usado como sendo do 'suposto sequestrador' para enviar mensagens ao marido da vítima anunciando o sequestro.
O sequestrador desligou o próprio telefone celular no dia do sequestro, entre 09h19 e 15h36, e usou o chip no nome da vítima. A investigação apontou que o telefone fez o mesmo caminho que o carro de Lourival até encontrar com Anic. A hipótese é que a vítima tenha deixado o shopping a bordo do veículo de Lourival.
A polícia também analisou vídeo do estacionamento do shopping e identificou Anic colocando algo embaixo do banco do carro. O objeto seria o celular da vítima, que posteriormente foi encontrado por Benjamin.
Prisões
Quatro pessoas foram detidas, incluindo Lourival Correa Netto Fadiga, apontado pela Polícia Civil e pelo MPRJ como o mentor do sequestro. Amigo da família por três anos, Lourival apresentou-se falsamente como policial federal. Dois filhos de Lourival e Rebecca Azevedo dos Santos estão presos por suspeita de envolvimento no crime.
Um comerciante de Foz do Iguaçu, para onde Lourival e Benjamim viajaram juntos, afirmou que Anic e Lourival se apresentavam como namorados e que já os viu se beijando várias vezes. A investigação sugere que Anic, devido a esse relacionamento extraconjugal, pode ter inicialmente concordado com o plano criminoso de Lourival.
Suspeitos de envolvimento
Henrique Vieira Fadiga e Maria Luísa Fadiga, filhos de Lourival, são suspeitos de auxiliar o pai. Henrique teria recebido US$ 150 mil após a conversão de um depósito em reais.
A Polícia Civil também aponta que Maria Luísa teria permitido que o pai usasse seu nome para registrar uma picape comprada por R$ 500 mil em dinheiro, no mesmo dia do pagamento do resgate. Lourival também comprou uma motocicleta por aproximadamente R$ 30 mil.
Maria Luísa teria ainda a responsabilidade de receber 950 celulares comprados com o dinheiro de três depósitos de R$ 325 mil cada, feitos por Benjamim em contas de empresas importadoras, conforme as investigações.
Rebeca Azevedo Santos é suspeita de participar da negociação para a entrega dos celulares adquiridos com parte do dinheiro do resgate. Ela já foi apontada como ex-namorada de Lourival e também como amante dele.
Pagamento aos suspeitos
A quantia para o resgate de Anic foi colocada em uma mochila, que deveria ser entregue por Benjamim e Lourival no dia 11 de março em um shopping na zona oeste do Rio. Durante o trajeto, Lourival alegou ter recebido uma mensagem instruindo-o a deixar o dinheiro em uma lixeira no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, enquanto Benjamim aguardava no shopping.
A polícia descobriu que Lourival não foi a nenhuma comunidade, mas, sim, a uma concessionária, onde comprou a picape. Os quatro suspeitos estão sendo acusados de extorsão mediante sequestro.