Caso Bernardo: as lágrimas não saem, diz avó em depoimento

30 out 2014 - 11h07
(atualizado às 14h28)
Odilaine e Bernardo, em foto disponibilizada no Facebook
Odilaine e Bernardo, em foto disponibilizada no Facebook
Foto: Facebook / Reprodução

A Justiça do Rio Grande do Sul retomou, nesta quinta-feira, os depoimentos das testemunhas de acusação do julgamento do Caso Bernardo. Desde as 9h, quem era ouvida era a avó materna do menino, Jussara Uglioni, que teve a oitiva remarcada por problemas de saúde. Ela é mais uma das 25 testemunhas de acusação ouvidas no mês de outubro a pedido do Ministério Público.

A avó materna do menino defendeu que tanto a madrasta, Graciele Boldrini, quanto o pai, Leandro Boldrini, planejaram a morte do neto, além de afirmar que sua filha Odilaine não cometeu suicídio, e sim foi morta pelo marido. “Era uma menina miúda, magra, não tinha braço para segurar um revólver”, disse, afirmando ainda que o ex-genro tinha um relacionamento extraconjugal enquanto ainda era casado.

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Jussara afirmou que a filha estava animada com a separação, tendo conversado com ela na manhã de sua morte, quando teria demonstrado convicção com o divórcio. Ela afirmou ainda que quando procurou o marido da filha “ele me agrediu, me deu um chute na perna”.

“Não chorei, não gritei. Até agora não botei pra fora. As lágrimas chegam no olho e não descem”, disse Jussara ao falar da morte da filha e do neto.

Na semana passada, seus advogados apresentaram um novo laudo sobre a morte da filha, pedindo a reabertura do caso, sob a alegação de que indícios apontaram que ela não cometeu suicídio. Indagada pelos advogados de defesa sobre porque não contratou os serviços antes,  respondeu que a empresa de São Paulo ofereceu o serviço gratuitamente.

A avó afirmou que a última visita do neto ocorreu em fevereiro deste ano, uma das poucas vezes, segundo ela, em que Leandro permitira o contato porque não queria proximidade com a família materna. Ainda de acordo com ela, a criança não tinha relatado maus tratos, ouviu apenas da babá que o menino era judiado pela madrasta, e que ela teria tentado asfixia-lo. Ela descreveu o ex-genro como uma pessoa  fria e calculista e que consumia drogas.

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Segundo Jussara, apesar do menino ter procurado ajuda das autoridades, ninguém teria ajudado Bernardo por medo de denunciar o médico. Ela conta que buscou a delegacia de polícia, mas ouviu que a delegada sempre estava em diligências, tendo conversado apenas com o Conselho Tutelar.

Já prestaram depoimento a assistente social Edelvânia Wirganovicz, que, segundo o inquérito policial ajudou madrasta Graciele Ugulini a planejar e matar a criança além de outras testemunhas que deram detalhes sobre o planejamento para matar o menino.

Durante os depoimentos vazaram vídeos que mostravam como era a relação das criança com os pais. Em alguns trechos o pai dizia a Bernardo que sua mãe o havia abandonado, enquanto que a madrasta fazia ameaças ao menino.

No mês de novembro serão ouvidas as testemunhas de defesa dos réus no processo. São 47 pessoas requisitadas pelos advogados de Graciele Ugulini e Leandro Boldrini. As oitivas serão realizadas nos dias 26 e 27.

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Relembre o caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.

O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.

Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto, possivelmente com uma injeção letal. Edelvânia, Graciele e Boldrini estão presos desde 14 de abril.

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Fonte: Terra
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