Catador é morto na Cidade de Deus, no Rio, após PM confundir madeira com fuzil

Dierson estava no quintal de casa quando foi atingido e morreu; PM afirma que o homem conduzia o "que aparentava ser um fuzil"

5 jan 2023 - 15h31
(atualizado às 16h08)
Catador é morto na Cidade de Deus, no Rio, após PM confundir madeira com fuzil
Catador é morto na Cidade de Deus, no Rio, após PM confundir madeira com fuzil
Foto: Reprodução/Voz das Comunidades

Um catador de material reciclável foi morto durante uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 5. Segundo moradores denunciaram nas redes sociais, Dierson Gomes da Silva, de 51 anos, carregava com ele um pedaço de madeira, e o objeto foi confundido com um fuzil pelos policiais militares, que atiraram contra a vítima. 

Segundo informado pela comunidade, Dierson estava no quintal de casa quando foi atingido e morreu. O caso gerou revolta entre os moradores do local e também entre internautas. Rene Silva, fundador e editor-chefe do jornal Voz das Comunidades, que faz reportagens sobre as favelas do Rio de Janeiro, questionou a ação da PM e relembrou o caso de Marcelo Guimarães, funcionário de uma marmoraria morto aos 38 anos, em janeiro de 2021, em um dos acessos à Cidade de Deus. 

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A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) afirmou ao Terra que o comando da corporação já instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias "que vitimaram fatalmente um homem na comunidade".

"Desde o início da manhã desta quinta-feira, equipes do 18º BPM (Jacarepaguá), com o apoio do Comando de Operações Especiais (COE) – através do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) – realizam uma operação na Comunidade Cidade de Deus. Dentre os objetivos, a prisão de criminosos que atuam no crime organizado daquela localidade e praticam diversos roubos na região, além de também apreender armas de fogo e recuperar veículos roubados", afirmou a corporação.

A PM também alega que, durante as ações, os policiais foram atacados a tiros em diversos pontos da comunidade e equipes do BOPE apreenderam um fuzil calibre 5,56. Outros dois homens foram presos com quatro rádios comunicadores e diversos carregadores de baterias.

"De acordo com policiais do 18º BPM, uma equipe da unidade se deslocava pela localidade do Pantanal, uma área historicamente conflagrada, quando se deparou com um homem conduzindo o que aparentava ser um fuzil, pendurado em uma bandoleira. Os policiais efetuaram disparos e o atingiram. O ferido não resistiu. A área foi isolada e a Delegacia de Homicídios da Capital foi acionada para a perícia", acrescentou a Polícia Militar em posicionamento enviado ao Terra.

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A corporação também afirma que, além do procedimento interno instaurado, a SEPM colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil. Os policiais serão identificados, e as armas, apresentadas à perícia.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada, e a perícia foi realizada no local. Os agentes envolvidos estão sendo ouvidos, assim como testemunhas. Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos.

Fonte: Redação Terra
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