CE: Defensoria Pública pede que farmacêutica seja libertada

“A polícia não tem subsídios para indiciar ninguém”, diz defensora pública

6 jan 2015 - 18h03
Para os defensores, não há indícios que justifiquem a prisão da jovem carioca
Para os defensores, não há indícios que justifiquem a prisão da jovem carioca
Foto: Facebook / Reprodução

A Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará espera que a farmacêutica Mirian França de Mello seja liberada ainda hoje (6). O pedido de revogação da prisão dela foi feito ontem (5) ao Fórum de Cariré, no interior do Estado, que analisa o caso. Para os defensores, não há indícios que justifiquem a prisão da jovem carioca. Mirian é suspeita da morte da turista italiana Gaia Molinari, dia 25 de dezembro, na Praia de Jericoacoara - 287 quilômetros a oeste de Fortaleza.

De acordo com a defensora pública Gina Moura, do Núcleo de Assistência aos Presos Provisórios e às Vítimas de Violência, a prisão de Mirian é desnecessária e ilegal. Ela explica que o argumento da polícia, de que a jovem caiu em contradição, é insuficiente para mantê-la presa. A defensora argumenta que a farmacêutica colaborou com as investigações, e as confusões no depoimentos não se referem a fatos cruciais para a resolução do crime contra a italiana.

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“Essas ditas contradições são em relação a dados periféricos. Você imagina que uma pessoa prestando depoimento em outro estado, sobre um crime dessa magnitude, não fique nervosa, não se atrapalhe ou se equivoque sobre a exatidão de horário, de frequência?”, questiona. Mesmo que a jovem tivesse mentido, acrescenta a defensora, o inquérito não indica o envolvimento dela no crime. “A polícia não tem subsídios para indiciar ninguém”, completa.

A defensoria, que tem conversado com Mirian nos últimos dias, também informou que, caso seja liberada, a jovem se comprometeu a não sair do Ceará e a permanecer à disposição da polícia. “O fato dela morar em outro estado não justifica o decreto de prisão. E acrescento: ela se comprometeu a ficar até a conclusão da investigação policial, à disposição”, disse.

A delegada do caso, Patrícia Bezerra, alegou ontem que o retorno de Mirian ao Rio de Janeiro inviabilizaria as investigações, e justificou a prisão dela com base em contradições nos depoimentos. “Mirian mentiu várias vezes. Ela foi submetida a acareação com outras pessoas em Jericoacoara, e as afirmações dela, em um primeiro momento, não se sustentaram. Ela não soube explicar a razão das mentiras”, disse a delegada.

Patrícia também informou que a jovem está em uma cela separada dos demais presos, e teve o direito de entrar em contato com a família, o que preferiu não fazer.

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O advogado que representa a família de Mirian, Humberto Adami, aguarda a decisão da Justiça para apresentar ou não um pedido de habeas corpus. Ele voltou a afirmar que a jovem “entrou como colaboradora na investigação e saiu presa como participante, por cair em contradição. As contradições não são confissões de culpa, e são fáceis de acontecer”, ponderou.

O caso continua gerando repercussão nas redes sociais. Foi criada uma página no Facebook com mais de 4 mil pessoas pedindo a liberação de Mirian. Um protesto está previsto para a próxima terça-feira (13), no Rio de Janeiro, pedindo também que a morte da italiana seja esclarecida.

Agência Brasil
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