Chefe do PCC na Baixada Santista, 'Meia Folha' é executado a tiros no litoral de SP

Cristiano Lopes Costa foi morto por motociclista ainda não identificado; um segundo homem também foi baleado e está internado

13 mar 2024 - 13h28
(atualizado às 16h26)
'Meia Folha' foi executado a tiros em Guarujá (SP).
'Meia Folha' foi executado a tiros em Guarujá (SP).
Foto: Reprodução/X

Um homem apontado como líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista, foi morto a tiros em Guarujá (SP) na noite da terça-feira, 12. Cristiano Lopes Costa, de 41 anos, conhecido como ‘Meia Folha’, era responsável pelo tráfico de drogas em algumas cidades do litoral paulista. A morte do aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, pode ter ligação com racha interno da facção, mas a informação não foi confirmada pela Polícia Civil. Outro homem foi baleado no local. 

De acordo com o registro da ocorrência, Cristiano foi morto a tiros enquanto estava em uma lanchonete, localizada entre a Avenida São Jorge e a Rua Antonio do Nascimento, no bairro Pae Cará, em Vicente de Carvalho. O crime ocorreu por volta das 20h30. Ele chegou a ser socorrido até o Pronto-socorro São João, mas não resistiu. 

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A Polícia Militar foi acionada no PS e, quando chegou à unidade, conversou com uma testemunha que detalhou o que viu. Segundo o homem, o autor dos disparos usava uma camisa preta, calça jeans, capacete preto e mochila de entregador nas costas e estava em uma moto vermelha, modelo Honda/Bros. 

O criminoso se aproximou pela Avenida São Jorge, desembarcou da moto, momento em que passou a atirar contra Cristiano, que estava sentado. Ele teve ferimentos no rosto, abdômen, tórax, além dos braços e pernas. A testemunha foi quem socorreu ‘Meia Folha' para o pronto-socorro. 

Após ouvir o homem, a PM foi até o local onde ocorreu o crime. Na esquina da avenida, as equipes encontraram o carro da vítima, onde havia um colete balístico no porta-malas do veículo, dentro de uma sacola azul, além de bebidas alcoólicas e não alcoólicas. Além disso, foram localizados também um iPhone, que estava desligado, uma Bíblia, uma quantia  de dinheiro em espécie, o registro de uma pistola .40, cartão de filiação de um clube de tiro e duas folhas de cheque, no valor de R$ 7 mil cada. 

Enquanto a polícia preservava a área, outra equipe foi acionada para outro caso de um homem baleado, que deu entrada no Hospital Guarujá. A vítima é o ex-vereador Geraldo Soares Galvão, de 61 anos. Ele contou que estava na lanchonete conversando com o proprietário, quando viu um homem de moto se aproximando e depois efetuando vários disparos. 

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O ex-parlamentar afirma que correu até seu carro e, junto com um funcionário do estabelecimento, foi até o hospital. Os disparos atingiram seu ombro direito, mão e punho esquerdos, coxa esquerda e perna direita. Da unidade, ele foi encaminhado para o Hospital Igesp, em Praia Grande, onde permaneceu internado. 

No local do crime, a polícia encontrou dois projéteis e dois estojos deflagrados. O carro de Cristiano e os itens localizados dentro dele foram apreendidos pela Polícia Civil. Após a perícia, o caso foi registrado na Delegacia-sede de Guarujá como homicídio e tentativa de homicídio e encaminhado para a Delegacia de Homicídio de Santos, que ficará responsável pelo caso. Até o momento, nenhum suspeito foi preso. A Polícia Civil trabalha para identificá-lo. 

Racha na facção

De acordo com o Estadão, o PCC enfrenta uma grande crise motivada pela insatisfação de alguns membros com relação ao poder acumulado e decisões “contraditórias” de Marcola. Além disso, falas do líder máximo, gravadas dentro da penitenciária, foram consideradas decisivas para que Roberto Soriano, o Tiriça, fosse condenado a 31 anos e seis meses de prisão pela morte da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, de 37 anos. 

Marcola é líder máximo do PCC
Foto: Paulo Liebert/Estadão

Devido ao racha criado por essas confusões dentro da facção, Marcola teria encomendado a morte de três membros da alta cúpula do PCC e antigos aliados do chefe maior, entre eles Tiriça. Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, também aparecem no “salve” (ordem geral para membros) investigado pelo Ministério Público de São Paulo. Os três estão presos na Penitenciária Federal de Brasília. 

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Durante o julgamento do crime que ocorreu em maio de 2017, foi usado o trecho de uma fala de Marcola. “No (tribunal do) júri do Roberto Soriano foi usado um trecho de gravação em que o Marcola dizia que ele não era como o Roberto Soriano, que não era ‘sanguinário’ ou ‘louco’ como ele, que tomou aquela medida de mandar matar a psicóloga”, afirmou ao Estadão o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado.

Segundo o promotor, a gravação foi fundamental para a condenação. “O Soriano não perdoa e não perdoou o Marcola por isso. Ele falou: ‘se fosse eu que tivesse falado isso e, no julgamento do Marcola, fosse usada uma gravação da minha voz dizendo que sou bonzinho, e não como ele, eu estaria morto’. E de fato estaria. Isso está causando uma discussão interna”, frisa Gakiya.

No “salve” interceptado pelas autoridades policiais, a Sintonia Final, cúpula mais alta do PCC, afirma que Marcola não teve a intenção de prejudicar Tiriça e que a insatisfação quanto a esse episódio, portanto, seria injustificada.

“Todos aqueles que se levantarem no intuito de criar racha e discórdia dentro da nossa organização serão excluídos e decretados (jurados de morte)”, diz trecho do comunicado publicado na internet pela facção. 

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Fonte: Redação Terra
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