Comandante de UPP mandou tropa mentir após morte de Amarildo, diz PM

16 out 2013 - 21h03
(atualizado às 21h03)

Um policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, no Rio de Janeiro, afirmou em depoimento que o major Edson Santos, ex-comandante da unidade, orientou a tropa a mentir sobre a morte de Amarildo de Souza, que teria sido torturado na sede da UPP. Segundo a testemunha, o major reuniu parte da tropa da UPP três dias depois do desaparecimento do ajudante de pedreiro e deu orientações em tom de intimidação. Ele teria instruído os policiais a dizerem que Amarildo tinha sido levado para a base da UPP e liberado pelo próprio major depois de uma averiguação. Os PMs deveriam afirmar também que o ajudante de pedreiro tinha usado uma escadaria da comunidade para ir embora. As informações são do RJTV.

Os investigadores disseram ter ficados impressionados com a articulação dos PMs para ocultar provas e atrapalhar o inquérito da Polícia Civil. Segundo a testemunha, no dia seguinte ao sumiço de Amarildo, PMs limparam a área onde ocorreu a tortura. No outro dia, jogaram óleo no chão para encobrir vestígios de sangue.

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Ainda de acordo com o PM, dias mais tarde, o ex-comandante da UPP tenente Luiz Felipe de Medeiros ordenou a instalação de uma porta nessa área, que foi transformada em um depósito de entulho e móveis. Esse local só foi periciado três meses depois, na última segunda-feira, poucas horas após o fim do depoimento da testemunha.

O advogado Saulo Salles, que defende o major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe afirmou que não pode se manifestar sobre as informações passadas pela testemunha porque não teve acesso ao depoimento. Todos os presos pelo desaparecimento de Amarildo negam as acusações.

O sumiço de Amarildo

Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câmeras de vigilância que poderiam registrar a saída dele não estavam funcionando. Dez PMS foram presos e serão julgados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

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Fonte: Terra
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