O patrão (responsável) do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinela do Planalto, incendiado nesta quinta-feira após receber ameaças de pessoas contrárias à realização de um casamento coletivo que teria a participação de um casal gay, disse que, com a ajuda de um mutirão, a cerimônia poderá ser realizada no sábado normalmente, conforme havia sido programado.
“Jamais quis afrontar o tradicionalismo, temos que respeitar a família brasileira, acima de tudo, sem qualquer descriminação, mas o CTG está cumprindo com seu papel social”, disse Gilbert Gisler, conhecido como Xepa.
Ele contou que a polícia já tem suspeitos do crime e que já foi feito o laudo pericial provisório, além de trabalhos intensos de limpeza e reconstrução para que o casamento possa ser realizado. Segundo ele, o palco de madeira foi destruído e uma das paredes foi totalmente afetada pelas chamas. Para agilizar os serviços, tem recebido doações de moradores locais.
Sobre a polêmica criada com o Movimento Tradicionalista Gaúcho, que criticou a realização da cerimônia, Xepa respondeu que estava apenas cumprindo com sua responsabilidade social.
“A pessoa que é contra um casamento homoafetivo prejudicou outros 28 casais heterossexuais. São todas pessoas que precisavam, porque a renda máxima de toda a família tinha que ser de 3 salários mínimos”, afirmou, contando que no dia 19 de setembro, o CTG completa 30 anos de existência.
“E por isso nós oferecemos o CTG para o casamento. A gente está cumprindo o que manda a lei, ainda mais porque o CTG é uma entidade sem fins lucrativos, em uma área do município cedida em comodato, por isso temos que colocar à disposição da sociedade”, finalizou.