Defesa: PMs que atuaram no Carandiru mereceriam medalhas

O advogado pediu a absolvição dos réus, diz que eles foram injustiçados e que população deveria tirar o chapéu para el

18 mar 2014 - 19h29

O advogado Celso Vendramini, que defende os 10 policiais militares que estão sendo julgados pela atuação no quinto pavimento (quarto andar) da Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992, no episódio que ficou conhecido como Massacre do Carandiru, fez uma apresentação emotiva para convencer o júri que os membros do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) não merece ser condenado pelas oito mortes a que estão respondendo. "Deveríamos tirar o chapéu e dar medalhas para esses homens."

Vendramini é ex-policial da Rota e afirmou aos jurados ter sido alvo de muitos tiros. "Matei para não morrer. Antes ir para a cadeia do que para debaixo da terra. Eu prefiro um bandido morto a um policial ferido", disse ele. Sobre os policiais que entraram no Carandiru, ele usou outra frase de efeito. "(Os policiais) enfrentaram o inferno, viram o demônio na frente deles", disse.

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O advogado disse que os policiais são mal defendidos desde a época da ação, em 1992. "Falam aqui eu júri ideológico. Isso me causa nojo. Não se pode admitir que (os promotores) ganhem nome em cima dos policiais."

O advogado chegou a reconhecer que houve excesso por parte dos policiais na ação. Mas disse que quem se exacerbou precisa ser identificado. "Quem foi? Não sabemos. E por isso vamos condenar estes homens?", questionou.

Vendramini insistiu em sua tese principal: que os policiais que estão sendo julgados não estiveram no quinto pavimento da Casa de Detenção de São Paulo. Mas sim no quarto pavimento. “Eles não podem ser julgados por mortes que não cometeram”, disse.

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Julgamento

Desde esta segunda-feira, mais 10 policiais militares (PMs) acusados de participação na morte de oito detentos - e na tentativa de outros três homicídios - estão sendo julgados no Fórum Criminal da Barra Funda, depois de mais de 21 anos do ocorrido, em 2 de outubro de 1992. Na ocasião, 111 presos foram mortos após uma briga interna que acabou com a invasão da Tropa de Choque da Polícia Militar paulista, que, na Justiça, responde por 102 dessas mortes. Contra as demais nove vítimas não ficou comprovada a ação dos policiais. Até agora, são 48 policiais condenados por conta da atuação naquela data. Para todos os casos, ainda cabe recurso. Inicialmente eram 10 as vítimas, mas o Ministério Público pediu que duas delas fossem retiradas da acusação: uma foi morta por arma branca enquanto outra foi morta em outro andar.

Nas duas primeiras etapas do julgamento, no ano passado, os PMs que atuaram nos dois primeiros andares do prédio foram condenados, respectivamente a 156 e 624 anos de prisão. A Justiça decidiu, em primeira instância, que eles concorreram para a morte de 13 presos no primeiro andar e outros 52 no segundo andar.

Relembre o caso

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

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A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

Fonte: Terra
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