O empresário Antônio Vinicius Gritzbach, delator do PCC executado no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), ligou para advogado quando pousou e soube que um dos carros que faria a sua escolta estava com problemas mecânicos.
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Segundo a TV Globo, a informação foi dada pela namorada do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), de 29 anos, em depoimento à Polícia Civil durante a madrugada de sábado, 9. Na sexta-feira, 8, Gritzbach foi morto a tiros após desembarcar no Terminal 2 do aeroporto.
Os dois se conheceram pelo Instagram e logo começaram a namorar. O relacionamento do casal durou cerca de um ano e meio, até que Gritzbach foi executado. Durante esse tempo, conforme a namorada, o delator do PCC recebia ameaças de morte por "mensagem eletrônica".
De acordo com o depoimento da jovem, a Amarok, com blindagem nível 5, era mais usada do que a Trailblazer, com nível 3 de blindagem. O segundo veículo era o que os aguardava na saída do local.
Na oitiva, ela afirmou que todos ficaram juntos no desembarque, aguardando a chegada das malas, e quando saíram do terminal, seguiam para o estacionamento. O empresário estava a alguns passos à frente dela, momento em que a jovem ouviu diversos disparos em direção ao companheiro. Ela afirma que o viu cair.
A namorada alegou não ter visto de onde vinham os disparos, e assim como outras pessoas que estavam no local, correu para escapar dos tiros. Ela contou ainda que saiu do aeroporto em um táxi, em direção ao Tatuapé, bairro da Zona Leste da capital paulista, com um dos cinco seguranças de Gritzbach, que também estava no voo com o casal.
Eles iriam para a casa do empresário, no entanto, ainda no caminho, ela recebeu uma ligação da ex-mulher do delator, e então, seguiu para a residência de um amigo da família. A namorada também relatou que enquanto jantava com o empresário na noite de quarta, 6, ainda em Alagoas, o companheiro comentou sobre a desconfiança de estar sendo seguido.
Ele teria visto um homem parecido com uma pessoa que o ameaçava, mas não deu certeza, pois o homem a quem se referia fumava muito, e a figura vista em São Miguel não estava com cigarros.
Polícia suspeita de 'olheiro'
Uma das linhas de investigação que apura a execução do delator do PCC trabalha com a hipótese de que um integrante da facção criminosa pudesse estar acompanhando os passos da vítima, inclusive dentro do voo que o trouxe de Maceió (AL) a São Paulo. As informações são da GloboNews.
A possibilidade da existência de um 'olheiro' da facção foi levantada a partir da troca de informações entre a Polícia Federal, Polícia Civil e promotores do Ministério Público. As autoridades passarão um 'pente fino' na lista de passageiros que estava no mesmo voo de Gritzbach.
A função do 'olheiro' seria a de certificar que Gritzbach tinha chegado em Guarulhos e identificar o momento em que ele deixaria o Terminal 2 do aeroporto, destinado a voos domésticos. Para a polícia, há indícios de que a execução foi planejada em detalhes, para que não houvesse falha.
Portanto, serão analisados os passageiros embarcados no voo de Maceió, com destino a Guarulhos. À polícia de Alagoas, a equipe solicitou apoio do setor de inteligência para identificar o trajeto, locais visitados e pessoas com quem Gritzbach pudesse ter se encontrado no Estado.
O grupo analisará, ainda, imagens de circuitos de monitoramento, de trânsito, da orla de Maceió, e de hotéis.
Força-tarefa
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo instituiu, nesta segunda-feira, 11, uma força-tarefa para investigar a execução do delator do PCC Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. As informações foram repassadas pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante enrevista coletiva na sede da SSP, na tarde desta segunda.
Segundo Derrite, o objetivo do grupo é cooperar diretamente com o Ministério Público e atuar para dar uma resposta rápida sobre o crime. O chefe da pasta informou que o grupo atuará sob coordenação do secretário executivo de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves.
Derrite informou, também, que ação contará com a colaboração da Polícia Federal para a elaboração do inquérito. Para a força-tarefa, foi assinada a resolução SSP 64/2024.
O decreto prevê que o grupo deverá responder pelo “compartilhamento de informações necessárias ao cumprimento de suas atribuições e, caso necessário, colaborando de forma complementar com autoridades federais, sem prejuízo da condução principal das investigações pelo Estado”.
A força-tarefa também fica incumbida de “informar periodicamente o secretário da Segurança Pública sobre a evolução dos trabalhos, com relatórios apresentados semanalmente e sempre que o avanço das investigações demandar atualização imediata”.
"O objetivo é, de fato, identificar, qualificar e prender esses criminosos que cometeram esse assassinato contra esse indivíduo, que foi investigado em outros inquéritos e era réu em um duplo homicídio", informou Derrite à imprensa.
Como foi a execução do empresário
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos. Ele era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.
O ataque ocorreu por volta das 16h, e os atiradores estavam com o carro estacionado, à espera da vítima. Uma dupla de criminosos realizou pelo menos 27 disparos, conforme a perícia. Gritzbach foi atingido por dez tiros de fuzil, que transfixaram seu corpo.
O delator voltava de viagem com a quando foi atacado a tiros. As imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos mostram Gritzbach levando uma mala de rodinhas quando é surpreendido pelos atiradores. Ele tenta fugir, é atingido pelos disparos e cai perto da faixa de pedestres. É possível ver outras pessoas correndo por causa do tiroteio. (*Com informações de Estadão Conteúdo).