Delegado do caso Santiago: réus sabiam do poder de bomba

25 abr 2014 - 16h55
(atualizado às 18h57)

O delegado Maurício Luciano de Almeida, que presidiu o inquérito da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, disse, na primeira audiência judicial do caso, que os dois acusados do crime agiram em conlúio e que sabiam do poder de dano do artefato explosivo que matou a vítima. A primeira audiência de instrução e julgamento dos réus Fábio Raposo e Caio Silva de Souza começou às 16h30 desta sexta-feira na 3ª Vara Criminal de Justiça do Rio. Santiago foi atingido com um artefato explosivo na cabeça durante um protesto no centro do Rio, em 6 de fevereiro.

<p>Os acusados Fábio Raposo (esquerda) e Caio Silva de Souza na audiência</p>
Os acusados Fábio Raposo (esquerda) e Caio Silva de Souza na audiência
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra

Citando imagens de televisão, o delegado disse que Fábio passou o artefato para Caio. "Verificamos que os dois agiram em conlúio. Fábio passou o artefato para Caio. Parecia que Caio tinha dupla personalidade. Em casa ele era educado. Nas manifestações ele participava de enfrentamento com policiais", afirmou Almeida.

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O delegado disse que Fábio ajudou a identificar Caio em imagens. "Eles meio que se conhecem, talvez não pelo nome, mas pelo perfil nas manifestações. Há uma divisão de tarefas, cada um cumpre determinada função. Fábio é uma pessoa mais de idealização, tem a cabeça mais pensante. O Caio tem a a força bruta, pancadaria", afirmou Almeida.

Segundo o delegado Almeida, o artefato explosivo que provocou a morte de Santiago foi modificado antes de ser lançado, com a retirada de uma vara que serviria para direcionar o disparo dos fogos. "Ele foi aceso no chão e estava sem a vara. Por isso, teve uma trajetória ascendente e não retilínea. Sem a vara, os fogos podem tomar qualquer direção. Eles posicionaram para atingir os policiais perto da grade da Central do Brasil. Santiago estava no caminho", disse.

Almeida afirmou que nenhum dos dois acusados tentou socorrer a vítima. Caio teria saído correndo e Fábio se afastou e assistiu o artefato explodir. "Falei com um amigo de Caio e ele disse que após o protesto, Caio contou, ofegante, que estava fugindo porque tinha matado uma pessoa", relatou Almeida.

O delegado Maurício Luciano de Almeida presta depoimento na audiência
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra

O delegado Fábio Pacífico Marques, que também investigou a morte de Santiago e foi o segundo a ser ouvido na audiência desta sexta-feira, disse que a decisão de acender o artefato foi tomada em conjunto pelos réus. "Não foi uma decisão de um só (lançar o artefato)", afirmou Marques.

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Na platéia da audiência, amigos dos réus manifestaram discordância quando o delegado Marques disse que muitos jovens que participam de protestos não têm ideologia.

Fonte: Terra
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