A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nota nesta quinta-feira para criticar o sigilo na divulgação das informações sobre a Operação Ararath 5, deflagrada ontem em Mato Grosso. A entidade declarou que a medida "calou" a Policia Federal (PF).
Atendendo pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a Justiça proibiu que a PF divulgue qualquer informação relacionada à operação por meio do Departamento de Imprensa do órgão. Segundo a PGR, a medida foi requerida para garantir a efetividade do cumprimento dos mandados de busca e apreensão e das prisões. Pleito concedido pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pela Justiça Federal em Cuiabá.
Em nota, a associação considerou a imposição do sigilo como a "mais contundente violência sofrida pela instituição desde a redemocratização do Brasil". A ADPF também cobrou o esclarecimento dos fatos que motivaram a medida. "Afinal, o que seria capaz de transformar o chefe do Ministério Público da União em um verdadeiro 'censor geral da República'? Também é preciso esclarecer os reais motivos que levam um ministro da mais alta Corte brasileira a aceitar os argumentos do Ministério Público Federal e impedir que a imprensa seja devidamente informada sobre o trabalho da PF, uma instituição respeitada e admirada por todos os brasileiros", diz.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que não vai se pronunciar sobre as críticas da associação.
Na operação, a PF investiga donos de empresas de factoring (fomento mercantil) que exerciam atividades exclusivas de instituição financeira, como a concessão de empréstimos, com exigência de garantia, e sem autorização do Banco Central. Por meio de operações de empréstimo fraudulentas, as empresas lavavam dinheiro e fraudavam o Sistema Financeiro Nacional, movimentando mais de R$ 500 milhões em seis anos. Ainda de acordo com a PF, a base do esquema era uma empresa de Várzea Grande (MT) que, oficialmente, encerrou suas atividades em 2012.