Denúncias ligam fornecedora da Zara a trabalho escravo em SP

17 ago 2011 - 16h01
(atualizado às 16h37)

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) investiga a maior varejista de vestuário do mundo, a espanhola Zara, por denúncias de utilização de mão de obra escrava, segundo o Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco. A investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, acompanhada pela organização não governamental Repórter Brasil, inspecionou quatro oficinas clandestinas na capital paulista e no interior do Estado no final de junho.

"Antes disso, não tínhamos recebido nenhuma denúncia (contra a Zara)", disse a diretora do sindicato, Maria Susicléia Assis. Segundo ela, os trabalhadores vinham da Bolívia e do Peru. O caso marca a primeira investigação de trabalho escravo envolvendo uma grife internacional em São Paulo, segundo o sindicato, acrescentando que empresas brasileiras também estão envolvidas em denúncias diárias recebidas pela entidade.

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"Recebemos cerca de 10 denúncias por semana de oficinas clandestinas, a maioria de (trabalhadores) bolivianos", afirmou Maria Susicléia, que disse que as acusações envolvem grandes varejistas de vestuário com presença nacional. Segundo o sindicato, as investigações descobriram que em uma das fornecedoras da grife ,o dono recebia R$ 7 por peça, enquanto os trabalhadores recebiam R$ 2 a R$ 3 reais por item costurado, em média. "Pegamos todas as roupas costuradas com etiquetas da Zara", afirmou a diretora do sindicato.

Dona da Zara diz que houve terceirização irregular

A Inditex, dona da Zara e de outras marcas de roupas, afirmou que o caso envolve "terceirização não autorizada" de oficinas de costura por parte de um fornecedor brasileiro da companhia.

"O fornecedor assumiu totalmente as compensações econômicas dos trabalhadores tal como estabelece a lei brasileira e o código de conduta Inditex", afirmou a companhia. O grupo disse ainda que as condições de trabalho dos terceirizados estão sendo regularizadas. "O Ministério do Trabalho e Emprego brasileiro, por sua vez, procedeu de modo a regularizar a situação dos trabalhadores."

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A Inditex confirmou que foram encontrados 16 trabalhadores não regularizados, uma ação que contraria seu código de conduta e que "o grupo Inditex repudia absolutamente". A empresa afirmou ter exigido que o fornecedor responsável pela terceirização regularize a situação "imediatamente". Segundo a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, durante a vistoria, cerca de 20 vítimas foram entrevistadas, mas nenhuma aceitou acolhimento.

Ainda segundo a secretaria, foram identificadas pelo MTE cerca de 35 oficinas que apresentavam possibilidade de ter trabalho escravo produzindo roupas da Zara. As quatro oficinas vistoriadas "foram lacradas e houve responsabilização da Zara, que pagou indenização a todas as vítimas, a título de negociação trabalhista, acompanhada pelo Ministério do Trabalho e Emprego", de acordo com a secretaria.

Com informações da Reuters.

Fonte: Terra
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