Um guerra com mais de 24 horas de duração entre facções rivais que disputam o controle de favelas do Rio de Janeiro deixou ao menos dois mortos e aterrorizou moradores que ficaram no meio de trocas de tiros e foram feitos reféns dentro de suas casas, informou a polícia nesta quinta-feira.
A disputa acontece na região do complexo de São Carlos, entre o centro e a zona norte da cidade, a poucos metros da sede administrativa da prefeitura e da famosa Marquês de Sapucaí, que recebe os desfiles das escolas de samba do Carnaval carioca.
O clima de tensão começou na quarta-feira, quando houve uma perseguição da polícia a suspeitos no bairro da Lagoa, na zona sul da cidade, no momento em que membros de uma facção estavam se deslocamento para a invasão ao complexo de São Carlos, dominado por outro grupo, segundo a polícia. Houve troca de tiros em plena luz do dia e dois criminosos foram presos.
A tentativa de invasão ao complexo de São Carlos começou pouco depois, provocando intensos tiroteios. Uma mulher de 25 anos morreu ao ficar no meio do fogo cruzado com o filho de 3 anos.
Durante a madrugada, suspeitos em fuga tentaram invadir um condomínio residencial na região, mas foram surpreendidos por policiais e um suspeito morreu. Outro homem conseguiu acessar um prédio após atirar no porteiro, e manteve por algumas horas uma família como refém até se render para a polícia depois de uma longa negociação.
Um outro morador da região teve a casa invadida por suspeitos na tarde desta quinta-feira, mas os invasores também acabaram se entregando para a polícia.
"O Rio tem mais de 1.400 comunidades e quatro facções disputam palmo a palmo esses locais com armas de guerra... a área do complexo está reforçada e com patrulhamento dentro e fora do complexo", disse a jornalistas o porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess.
A guerra entre criminosos rivais acontece após decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitaram e regulamentaram as operações da polícia em favelas e comunidade carentes do Rio de Janeiro durante a pandemia de coronavírus.
Agora as intervenções só podem ser feitas se justificadas e consideradas essenciais. O uso de helicópteros também foi limitado. As medidas desagradam a polícia fluminense, que entende que as restrições fortalecem o poderio do crime organizado.
"A segurança pública é nossa prioridade, mas por determinação judicial, a atuação das polícias do Estado está limitada no Rio", disse o governador Wilson Witzel em uma rede social.