Drogas e armas na Maré são como 'agulha no palheiro'

Reportagem do Terra acompanhou busca de policiais do Batalhão de Choque por vielas e viadutos do conjunto de favelas ocupado pelas forças de segurança do Estado desde as primeiras horas deste domingo

30 mar 2014 - 10h55
(atualizado às 16h37)
<p>Por baixo do viaduto da Linha Vermelha, policiais do Batalhão de Choque, com pá e lanternas em mãos, faziam o processo de varredura do local atrás de armas e drogas</p>
Por baixo do viaduto da Linha Vermelha, policiais do Batalhão de Choque, com pá e lanternas em mãos, faziam o processo de varredura do local atrás de armas e drogas
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Vila do Pinheiro, uma das 15 comunidades do Complexo da Maré, ocupado em definitivo pelas forças de segurança do Estado desde as primeiras horas deste domingo, na zona norte do Rio de Janeiro. Por baixo do viaduto da Linha Vermelha, policiais do Batalhão de Choque, com pá e lanternas em mãos, faziam o processo de varredura do local atrás de armas e drogas. “Meu amigo, é como procurar agulha no palheiro”, disse um dos policiais, que não quis se identificar.

No processo de praxe no que envolve a ocupação das comunidades para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o Terra acompanhou uma guarnição do Choque. Diferentemente de outras ocasiões, a extensão do complexo de favelas (4,3 km quadrados, de acordo com a secretaria de Segurança Pública do Rio) dificulta o trabalho dos policiais, além do fato da Maré ser antes ocupada por duas facções rivais do tráfico, e também por milicianos.

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“Cada comunidade é uma missão diferente. Mas aqui ainda é mais complicado, pois são muitas vielas. Veja onde estamos. Isso aqui tem um córrego passando embaixo, é escuro, então fica bem mais complicado de achar alguma coisa”, revelou ainda outro policial militar.

Além disso, por baixo do viaduto, o espaço é bastante estreito, sequer é possível ficar em pé no local. “A gente tem experiência, claro, mas tem que olhar tudo”, disse ainda outro PM, batendo o pé no chão de terra atrás de algum possível fundo falso. Foi deste local que surgiu, minutos depois, um tablete de aproximadamente 2 quilos de maconha. “É assim, passo a passo. É um trabalho longo”, explicou o mesmo policial militar.

Momentos antes da reportagem acompanhar a guarnição do Choque, a Polícia Federal, também participando da megaoperação na Maré, encontrou uma quantidade enorme de maconha, além de um fuzil , uma submetralhadora e munição, enterrados num bueiro na Vila Olímpica da Maré, projeto social da comunidade da Nova Holanda.

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Neste processo de varredura, a secretaria de Segurança Pública pede para que os moradores utilizem o Disque-Denúncia para darem informações acerca dos locais onde possam estar escondidas armas e drogas, além de objetos roubados. O telefone é 21-2253-1177 ou pelo 190 da Polícia Militar.

Até às 10h deste domingo, de acordo com balanço divulgado pela secretaria estadual de Segurança Pública, foram encontrados em esconderijos nas favelas 457 quilos de maconha, uma submetralhadora, um cano de fuzil, além de farta munição e material de endolação, no total das operações realizadas pela Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal. Até o momento foram efetuadas no cerco 13 prisões. 

Ocupação da Maré

Reduto do crime organizado do Rio de Janeiro, o complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital fluminense, foi ocupado nas primeiras horas deste domingo pelas forças de segurança do Estado no primeiro passo para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região que compreende 15 favelas no total, com aproximadamente 130 mil moradores.

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Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, “as comunidades foram recuperadas pelas forças policiais sem encontrar resistência, o que permitiu o domínio dos pontos planejados dos territórios em 15 minutos”. Policiais continuam nas comunidades em operações de busca de criminosos, apreensões de armas, drogas e objetos roubados.

Participam da operação 1.180 policiais militares de várias unidades, entre elas o Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), além de policiais da Corregedoria Interna da PM. O Bope ocupa as favelas Nova Holanda e Parque União, enquanto que o Batalhão de Choque as outras 13 favelas. Da Polícia Civil, o efetivo no local é de 132 pessoas. Uma base móvel do Instituto Félix Pacheco está instalada no 22º BPM (Maré) para fazer a identificação biométrica de suspeitos.

Além disso, os policiais militares usam 14 blindados disponibilizados pela Marinha e um blindado do Batalhão de Polícia de Choque. Agentes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal e do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal apoiam a operação.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, as comunidades que fazem parte do Complexo da Maré e serão ocupadas são: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa&Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança.

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O intuito da secretaria de Segurança Pública do Estado é abrir espaço para a entrada do Exército no local, que a exemplo do que ocorreu no complexo de favelas do Alemão, fará a ocupação do local até que o efetivo da Polícia Militar forme o novo efetivo para atuar na Maré – o acordo foi feito junto com ao Ministério da Justiça por intermédio do secretario José Mariano Beltrame e o governador Sérgio Cabral.

Diferentemente de outras ocasiões, a extensão do complexo de favelas dificulta o trabalho dos policiais, além do fato da Maré ser antes ocupada por duas facções rivais do tráfico, e também por milicianos
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Fonte: Terra
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