A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira a operação Trinca Ferro, que investiga uma quadrilha de roubos de carros e tráfico de drogas no Rio Grande do Sul. Quem comandava as ações do grupo de dentro de uma cadeia era José Carlos dos Santos, conhecido como Seco, que cumpre penas que somam mais de 200 anos no presidio de Segurança Máxima de Charqueadas (Pasc). Do presídio, segundo a polícia, Seco ainda usava sua experiência para criar uma verdadeira escola do crime.
A investigação, comandada pelo delegado titular da Delegacia de Repressão aos Furtos e Roubos de Veículos, Juliano Ferreira, começou há cerca de um ano e permitiu a identificação de cerca de 200 veículos roubados pela quadrilha. Os carros e caminhões eram clonados ou vendidos em Santa Catarina, no Paraná e no Paraguai. Fora do País, o produto do roubo era trocado por drogas.
Para a polícia, isso indica que a organização estava ampliando o seu leque de atividades criminosas, atuando em conjunto com outras quadrilhas que atuam na região metropolitana de Porto Alegre, como os Bala na Cara, mostrando que já existia uma articulação maior com o intuito de “tomar” o Estado.
Seco é um conhecido pelos assaltos a carros-fortes. O método utilizado por ele era o de fechar estrada para em seguida jogar um caminhão contra os veículos que transportavam valores. Atualmente ele cumpre pena no Presídio de Segurança Máxima de Charqueadas, mas as escutas telefônicas obtidas pela polícia mostram que ele não tinha dificuldade de se comunicar com seus comparsas que estão em liberdade, passando orientações sobre como agir, além de estabelecer contato com receptores e pessoas que encomendavam roubos.
Segundo a polícia, de dentro do presídio, Seco atuava no fortalecimento de sua organização criminosa, com a elaboração de um estatuto do crime - confeccionado com ajuda de um advogado - que tinha até termo de adesão. As investigações mostraram que Seco adotava uma postura didática com outros criminosos, orientando desde a preparação até o momento de executar crimes, além da articulação com outras quadrilhas.
Ao todo, 16 pessoas foram presas no decorrer de um ano de investigação, sendo que oito destas prisões ocorreram apenas no dia de hoje. Para a polícia, o grande êxito da operação foi identificar toda a cadeia criminosa que atuava desde o momento do roubo, da clonagem, do transporte para outras localidades e pela troca por drogas e tráfico.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) informa que foi abertas uma investigação interna na corregedoria que vai apurar como Seco tinha acesso a um telefone celular. A aposta para evitar que casos semelhantes ocorram dentro do presídio de segurança máxima é a adoção de um sistema de scaner corporal, que está prestes a funcionar, pelo qual qualquer pessoa que ingresse no local - visitantes, advogados e funcionários - terão que passar.