A paralisação de policiais militares no Espírito Santo chegou ao quarto dia nesta terça-feira (07/02), e ao menos 75 homicídios já foram registrados em meio à onda de violência que atingiu o estado neste período. Apesar de uma liminar da Justiça contra o movimento, a mobilização de familiares de policiais, que impedem a saída de viaturas dos batalhões, continua.
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo decretou que a mobilização é ilegal e ordenou a liberação dos batalhões, sob pena de multa diária de 100 mil reais para as associações de classe dos militares. Na decisão, o desembargador Robson Luiz Albanez afirma que a Constituição proíbe paralisação de policiais, que oferecem um serviço indispensável e cuja ausência coloca em risco a segurança coletiva.
Os familiares, porém, seguem mantendo os bloqueios montados nas sedes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para reivindicar reajuste salarial e pagamento de benefícios. A Associação de Cabos e Soldados da PM do Espírito Santo (ACS) entrou com um recurso contra a liminar e destacou que as entidades de classe não lideram o movimento, apenas colaboram na intermediação.
"Temos um impasse. Se temos algum responsável por essa situação caótica é a insensibilidade do governo em não negociar", disse Thiago Bicalho, da ACS, destacando que o movimento de mulheres foi espontâneo e que o governo se recusa a negociar enquanto os batalhões estiverem bloqueados.
Já o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, alega que o governo está trabalhando para garantir a segurança da população e para pôr fim ao "movimento irresponsável que infelizmente tem sido explorado por alguns para disseminar o caos e a insegurança na população capixaba".
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Com o reforço, ônibus voltaram a circular em Vitória durante o dia nesta terça-feira.
Porém, a situação na capital capixaba ainda é caótica. Aulas e atendimentos em postos de saúde estão suspensos. Após 75 mortes registradas nos últimos quatro dias, segundo o sindicato de policiais civis do estado, o Departamento Médico Legal (DML) está lotado, e corpos estão sendo levados para uma unidade da Secretaria de Saúde que recebe óbitos por causas naturais.
Além disso, diversos saques, assaltos e atos de vandalismo foram registrados em várias regiões do estado.
CN/abr/dpa/ap/ots
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