Executivo morto perto da Berrini foi seguido por 3 semanas

Informação é da Polícia Civil, que investiga o caso e apura quem teria encomendando o crime; computador e celular da vítima são periciados

2 jun 2015 - 15h46
(atualizado às 16h40)

Três semanas. Foi esse o tempo em que o empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, de 49 anos, teve os passos monitorados entre a casa, no bairro do Morumbi, e o trabalho, no Brooklin (zona sul de São Paulo), pelo homem que o mataria com três tiros na tarde dessa segunda-feira. As informações são da Polícia Civil.

Barreto morreu ontem por volta das 14h30 quando voltava do almoço com colegas do trabalho. Sócio de uma empresa que desenvolve aplicativos para celular, ele levou tiros na perna e no abdômen e morreu no local, a menos de três metros da avenida Luiz Carlos Berrini, um dos endereços mais valorizados de São Paulo. Um suspeito foi preso pouco após o crime, na estação Berrini da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), e confessou o crime à polícia.

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O caso é investigado pelo 96º Distrito Policial. O delegado titular da unidade, Anderson Pires, afirmou hoje que o assassinato teria sido encomendando ao suspeito, Eliezer Aragão, de 46 anos, quando ele ainda cumpria pena por latrocínio. Aragão estava solto desde o começo do mês passado após 17 anos de detenção.

"O executor foi contratado por pessoa ainda não identificada, e, segundo ele, o preço pago foi a amizade que ele tinha por essa pessoa que o contratou", afirmou o delegado Anderson Pires
"O executor foi contratado por pessoa ainda não identificada, e, segundo ele, o preço pago foi a amizade que ele tinha por essa pessoa que o contratou", afirmou o delegado Anderson Pires
Foto: Janaina Garcia / Terra

“Eliezer foi contratado por pessoa ainda não identificada, e, segundo ele, o preço pago foi a amizade que ele tinha por essa pessoa que o contratou”, afirmou o delegado. “Essa pessoa contou a ele [Eliezer] uma história que não descartamos que seja verdade, mas na qual não acreditamos, e Eliezer, após deixar a cadeia e já sabendo o que teria que fazer, fez um levantamento por três semanas da vida pessoal e profissional da vítima, até executá-la, ontem, com os três disparos”, disse.

O delegado preferiu manter sigilo sobre a razão – pessoal ou profissional – para a vingança que seria o pano de fundo para a encomenda do assassinato, mas adiantou que começa a ouvir no final da tarde de hoje pessoas próximas ao empresário – definido por Pires, a partir de relatos iniciais, como uma pessoa “trabalhadora, com família no interior, extremamente familiar”. Já o homem preso, definiu o delegado, se trata de “uma pessoa fria, com 46 anos, dos quais 17 permaneceu preso cumprindo pena de latrocínio (roubo seguido de morte).”

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O empresário tinha família em Aparecida (SP), no Vale do Paraíba, para onde ia nos finais de semana. Pai de dois filhos adolescentes, mantinha também uma casa de veraneio em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

Além dos depoimentos, nos próximos dias a Polícia Civil ainda aguarda o resultado do laudo nos celulares e nos computadores da vítima. “Queremos ouvir algumas pessoas próximas dele para saber se, em alguma oportunidade, ele confidenciou alguma ameaça, referente ao trabalho ou a alguma outra questão, porque, falando com pessoas muito próximas do rapaz, ele era essencialmente familiar e não tinha aparentemente problema com ninguém”, concluiu o delegado.

"Eu estava no sexto andar [do prédio onde Barreto trabalhava], tinha acabado de voltar do almoço, e ouvi o barulho dos tiros. Desci e vi o rapaz no chão: aquela cena chocante", afirmou o analista de sistemas Alex Rasquinho, de 40 anos
Foto: Janaina Garcia / Terra

No local do assassinato, clima é de apreensão

Na rua onde o empresário foi morto, a James Watt, travessa da Berrini, o clima entre trabalhadores vizinhos à empresa de Barreto era de apreensão na manhã desta terça-feira.

“Eu estava no sexto andar [do prédio onde Barreto trabalhava], tinha acabado de voltar do almoço, e ouvi o barulho dos tiros. Desci e vi o rapaz no chão aquela cena chocante. Está cheio de pessoas em atitude suspeita aqui nas imediações”, afirmou o analista de sistemas Alex Rasquinho, de 40 anos. Se mudou algum hábito por conta do episódio? “Mudei a mochila do computador que carrego, fiquei com medo”.

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Um grupo de funcionárias do mesmo prédio, que pediram para não ser identificadas, também relatou receio de andar pela região que não em grupo. “Todo mundo aqui ficou com medo, porque não sabe se é um caso isolado ou se todos ficam expostos a essa violência. De dia é até movimentado, mas à noite é muito perigoso”, disse uma analista de sistemas. “A gente vê mais policiamento na Berrini, não tanto nas transversais. Agora até passa [viatura], mas agora uma pessoa já foi assassinada, né?”, disse outra profissional, enquanto uma viatura da PM fazia ronda em frente ao local em que o empresário foi morto.

Fonte: Terra
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