Policiais civis ouviram, na tarde desta segunda-feira, Daniel de Oliveira Coutinho, 41 anos, principal suspeito de matar a facadas o pai, o cineasta Eduardo Coutinho, e de esfaquear a mãe, Maria das Dores Oliveira, no apartamento da família no último domingo. De acordo com a Divisão de Homicídios, o suspeito foi ouvido ainda no Hospital Miguel Couto, onde permanece internado sob custódia. O teor do depoimento não foi divulgado pela polícia.
Daniel foi preso em flagrante e a Justiça entendeu que as provas iniciais são suficientes para que o filho do cineasta fique preso "para a garantia da ordem pública".
"Entendo que sua prisão preventiva deve ser decretada para a garantia da ordem pública. Segundo se extrai dos autos, o indiciado foi apreendido logo após confessar, na frente de vizinhos, ter desferido contra seus pais golpes de faca, levando a óbito seu genitor e deixando sua genitora em grave estado de saúde no Hospital", assinou a juíza Nathália Magluta na decisão.
Coutinho era considerado um dos maiores documentaristas do Brasil. Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master. Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra.
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Corpo do cineasta Eduardo Coutinho, assassinado no domingo, é velado no Cemitério São João Baptista, em Botafogo, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho
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Enterro do cineasta Eduardo Coutinho está marcado para ocorrer às 16h desta segunda-feira
Foto: Daniel Ramalho
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Vera Lucia Maciel Savelle, que participou do documentário Edifício Master, foi se despedir do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Documentário Edifício Master foi um dos trabalhos do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Eduardo Coutinho é considerado um dos maiores documentaristas do Brasil
Foto: Daniel Ramalho
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Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master
Foto: Daniel Ramalho
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Daniel Coutinho, 41 anos, filho do cinesta Eduardo Coutinho, 81 anos, é considerado por um vizinho que não quis se identificar como uma pessoa "muito introvertida"
Foto: Daniel Ramalho
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João Moreira Salles e Armando Freitas lamentaram a morte do cineasta Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra
Foto: Daniel Ramalho
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Personagem de 'Babilônia 2000' lamentou a morte de Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Para o cineasta Luiz Carlos Barreto, mais conhecido como Barretão, a morte de Coutinho é uma perda enorme para o cinema não só brasileiro, mas mundial
Foto: Daniel Ramalho
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Barretão diz que via Coutinho "ocasionalmente, o que eu lamenta muito", mas que virou amigo quando ele o ajudou a escrever o roteiro de Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1976
Foto: Daniel Ramalho
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"Era uma pessoa de um humor ótimo, apesar de ser conhecido por ser discreto e na dele. Ele não desperdiçava palavras e guardava, de fato, o talento dele para os filmes. Não era exibicionista", disse Barretão sobre Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Também parte do documentário, a aposentada Maria do Céu, 76 anos, conversou com Coutinho pela última vez na metade do ano passado, quando ele veio a sua casa falar dos planos de voltar a filmar o Master
Foto: Mauro Pimentel
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A florista Suzy Adenize de Jesus, 65 anos, que vive no Master desde 1982, e esteve entre os 27 moradores que participaram do documentário, conta que ficou sem ação quando descobriu pelo noticiário que Coutinho havia sido assassinado
Foto: Mauro Pimentel
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Se antes ele era conhecido pelas prostitutas e traficantes que o habitavam, levando o síndico com frequência à delegacia para resolver problemas com os moradores, hoje o valor de um apartamento no local bate na casa dos R$ 700 mil e virou objeto de desejo
Foto: Mauro Pimentel
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Segundo o síndico, Coutinho planejava gravar outro documentário no edifício, tratando das mudanças pelas quais o prédio, a uma quadra da praia de Copacabana e composto por 276 quitinetes de 37 metros quadrados, passou ao longo dos últimos 12 anos
Foto: Mauro Pimentel
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"O filme me ajudou a conhecer moradores por trás das portas, entender o problema de cada um", disse Coutinho à época
Foto: Mauro Pimentel
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À época da gravação, o cineasta e sua equipe chegaram a morar no prédio por três semanas, e o cineasta ficou conhecido pelos moradores pela gentileza e bom humor com que tratava a todos
Foto: Mauro Pimentel
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"Ele tinha um jeitinho especial de entrevistar. Para você arrancar as coisas das pessoas como ele fez tem que entender muito do ser humano", reflete o síndico, há 16 anos à frente do Master e formado em magistério e psicologia
Foto: Mauro Pimentel
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Entre uma ligação e outra, o síndico se emocionou ao lembrar do cineasta, que seguiu visitando o prédio da zona sul do Rio que ajudou a tornar personagem, em 2002
Foto: Mauro Pimentel
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Síndico do edifício Master, prédio que ficou famoso após ter parte da história de seus mais de 250 moradores relatada no documentário homônimo de Eduardo Coutinho, Sérgio Casaes passou a manhã atendendo telefonemas sobre a morte do documentarista
Foto: Mauro Pimentel
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Coutinho foi encontrado ontem em seu apartamento no Jardim Botânico, zona sul do Rio, morto a facadas
Foto: Mauro Pimentel
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O diretor Walter Salles e o cineasta Zelito Viana também acompanharam o enterro
Foto: Daniel Ramalho
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O cineasta João Moreira Salles durante o enterro de Eduardo Coutinho
Foto: Daniel Ramalho
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Familiares, amigos e admiradores de Coutinho se emocionaram durante o enterro do cineasta
Foto: Daniel Ramalho
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O ator Lázaro Ramos também passou, rapidamente, pelo velório do cineasta para prestar sua homenagem
Foto: Daniel Ramalho
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O também ator Wagner Moura disse que ficou sabendo da notícia da morte de Coutinho pela internet. Eu estou chocado, abalado. Nós perdemos um dos mais importantes cineastas de todos os tempos. Era uma pessoa muito amável, delicada, querida."
Foto: Daniel Ramalho
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O ator Antônio Pitanga, em homenagem ao cineasta, gritava o nome "Eduardo Coutinho", enquanto os demais respondiam, prontamente: "presente"
Foto: Daniel Ramalho
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Na hora do enterro, os aplausos duraram cerca de cinco minutos
Foto: Daniel Ramalho
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O cortejo final foi acompanhado por cerca de 150 pessoas, entre elas vários artistas que trabalharam ou admiravam a obra do documentarista
Foto: Daniel Ramalho
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O corpo do cineasta Eduardo Coutinho, morto a facadas em seu apartamento no domingo, foi enterrado na tarde desta segunda-feira no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho
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Daniel Coutinho é transferido após ter alta de hospital, onde estava internado sob custódia, na sexta-feira (7)
Foto: Ale Silva
Entenda o caso
O cineasta Eduardo Coutinho, 81 anos, considerado um dos principais documentaristas do Brasil, foi assassinado a facadas neste domingo, dentro de casa, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio Janeiro. A mulher do documentarista, Maria das Dores de Oliveira Coutinho, 62 anos, também foi ferida e encaminhada em estado grave para o hospital Miguel Couto.
O filho do documentarista, Daniel Coutinho, 41 anos, que tem esquizofrenia, confessou ser o autor do crime. Ele foi preso em flagrante pela polícia, e a Justiça decretou a prisão preventiva.
De acordo com o delegado e diretor da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, "o que aconteceu por volta das 11h é a expressão genuína da palavra tragédia. Filho atinge mortalmente seu pai a facadas o matando. Posteriormente a isso, se dirige à mãe e a atinge. Ela correu para um cômodo, provavelmente o banheiro, se trancou e acionou o outro filho pelo telefone", descreveu Barbosa.
O delegado ainda disse que Daniel, ensanguentado, bateu nas portas dos vizinhos e falou palavras desconexas: "libertei meu pai e tentei libertar minha mãe e eu. Tentando, me furei duas vezes e nada acontece". Depois, ele aguardou a chegada dos bombeiros no apartamento onde morava com os pais e abriu a porta voluntariamente.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Maria foi esfaqueada duas vezes na região da mama, três no abdômen e sofreu também lesões no fígado. Ela foi operada e seu estado de saúde é grave. O filho do cineasta também foi encaminhado ao hospital Miguel Couto, com dois ferimentos provocados por faca na região abdominal. Ele foi operado e seu estado de saúde é considerado estável.
Coutinho era considerado um dos maiores documentaristas do Brasil. Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master. Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra.
Fonte: Terra