Os filhos do tenente aposentado da Polícia Militar, Ricardo Boide, que foi torturado, sequestrado e morto aos 52 anos em Itapecerica da Serra, São Paulo, lamentaram a morte do pai e expressaram o desejo por justiça.
Em uma publicação no próprio perfil de uma rede social, Felipe Boide descreveu o ocorrido como uma "grande covardia". Ele também pediu que a justiça seja feita pelo pai.
Já Gabriela Boide, outra filha do tenente, descreveu o crime como "acontecimento mais brutal que minha família já passou". E disse que o que aconteceu foi uma "crueldade". Ela lembrou que o pai não chegou a conhecer a própria neta, e que ele "apostou" que ela nasceria no dia 5 de julho, um mês depois do aniversário dele.
- "Um mês atrás ele estava bem, feliz, fez uma festa e estava celebrando seu aniversário, eu pensei que hoje eu estaria ligando pra ele e rindo de que ele tinha errado o nascimento da Thalia. Mas ao invés, eu estou aqui tentando imaginar como fazer desse mês, que era pra ser feliz, e agora é um mês de muito sofrimento. Eu espero que a lei divina e a lei dos homens peguem todos os responsáveis. Mas nada vai tirar a minha dor, nada vai devolver a minha chance de abraçar meu pai novamente, de ter ele no aeroporto me esperando quando eu chego no Brasil, de conhecer a minha filha", desabafou Gabriela na rede social.
Ela disse que o pai se orgulhava da própria profissão, e que a família sabia que ser policial em São Paulo não seria fácil. "Minha vida toda eu cresci sem saber se ele chegaria em casa, só não imaginei que depois dele aposentado essa seria a maneira que ele nos deixaria", completou.
Gabriela agradeceu aos amigos pelas mensagens de conforto, e reforçou que Ricardo era querido por muitas pessoas, e pediu orações e justiça. "Foi uma crueldade, é um sentimento de impotência enorme que sentimos nesse momento".
Outra filha de Ricardo, Isabela compartilhou as informações sobre o velório e o sepultamento do pai, que acontecem nesta sexta-feira, 7, em Embu das Artes, São Paulo.
Entenda o caso
Ricardo Boide, tenente aposentado da Polícia Militar, de 52 anos, foi torturado e morto na manhã de quarta-feira, 5, por seis criminosos, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, cinco deles foram presos.
Ricardo Boide e mais três pessoas de sua família foram rendidos por bandidos, e ficaram cerca de três horas sob a mira deles. A vítima foi agredida com socos, coronhadas, chutes e choques, e posteriormente, levado pelos suspeitos.
Ainda de acordo com as autoridades, o grupo ainda realizou transações bancárias via PIX e também passaram o cartão do tenente na máquina que eles carregavam. Por volta do meio-dia, policiais civis da Delegacia de Embu das Artes encontraram o corpo de Boide em uma área rural, nas proximidades de sua residência.
Cinco dos seis suspeitos foram presos pouco depois, pelo crime de latrocínio [roubo seguido de morte], resistência, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e munição. A quadrilha já era investigada pela polícia por roubos em residências de Itapecerica da Serra.
Com o apoio do Centro de Inteligência Policial (CIP), a equipe apurou que os crimes eram realizados de maneiras semelhantes: os suspeitos acessavam os condomínios residenciais pelas áreas de vegetação, à noite ou de madrugada. Após renderem as vítimas, eles as ameaçava e agredia.