O advogado Thiago Húascar, que defendia o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, que confessou 39 mortes em Goiânia, deixou o caso na tarde desta segunda-feira (20), após uma reunião com a família do rapaz, que teria aceitado a decisão. Tiago, que está preso desde terça-feira passada, é suspeito de ser um serial killer que teria matado pelo menos 16 mulheres e 8 moradores de rua, dentre outras vítimas de inquéritos que a polícia goiana apura.
Segundo o advogado, a família do vigilante declarou não poder pagar os honorários pedidos pelo defensor, que alega não ter pedido muito, mas apenas o condizente com a tabela da OAB. “É um caso que demanda tempo, dedicação e exclusividade”, justificou.
Húascar, que é advogado criminalista com oito anos de experiência, disse ao Terra que, de todos os casos em que trabalhou, o de Tiago impressiona pela quantidade de mortes e também pela frieza do suspeito. “Fiquei assustado por ele não ter sentimento. De contar com riqueza de detalhes e frieza, e de não esboçar sentimento ou mostrar arrependimento”, disse. “Já peguei casos de mortes mais violentas, mas ele foi pela quantidade”, acrescentou.
Sobre a possibilidade de Tiago ser definido como assassino serial, ou serial killer, o advogado também cita o número de mortes como dado a ser considerado, ainda que o suspeito não tenha sido examinado por psiquiatras - o início dos testes estava previsto para esta segunda, mas foi adiado.
“Já há mais de seis assassinatos comprovados que foi com a arma dele. E, se não me engano, chegaram 12 outros laudos. O Tiago falou para mim que, na arma dele, ele acha que foram 25”, relatou.
O ex-advogado de Tiago reclamou da mudança de versões apresentadas pelo suposto serial killer. “É complicado defender alguém que fala ora uma coisa, ora outra. Nos depoimentos dele, ora ele assume alguma coisa, ora ele tira outra”, disse.
Para Húascar, Tiago não é apenas um assassino frio, mas tem também problemas mentais. “Para mim, ele é inimputável. Deve ser julgado da forma que determina a lei, ficar sob medida de segurança”, disse, acrescentando que vê semelhança do caso de Tiago com o de Cadú, assassino confesso do cartunista Glauco e de seu filho Raoní, em São Paulo, e que foi considerado incapaz. Neste ano, Cadú foi indiciado por mais quatro crimes cometidos em Goiânia, incluindo um latrocínio.
O ex-advogado do suposto serial killer ainda admitiu que o caso é de difícil defesa, frente as provas que se acumulam contra Tiago. “Perícia de precisão, como é o caso de balística, que é o DNA da arma, é uma prova irrefutável. Ele é réu confesso. É condenável”, afirmou.