O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o secretário estadual de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, e delegados que fazem parte da força-tarefa que investiga os assassinatos de mulheres em Goiânia estiveram reunidos nesta terça-feira com a família de 12 das vítimas no Palácio das Esmeraldas, sede do governo.
As moças, num total de 15 inquéritos em aberto desde janeiro, foram mortas a tiros por suspeito, ou suspeitos, que usaram motos nas ocorrências. A força-tarefa da polícia, que atua desde o dia 3 de agosto, busca esclarecer as motivações e, sobre as autorias, uma das linhas de investigação é a possível atuação de um assassino em série na capital de Goiás.
A reunião, uma iniciativa do próprio governador Marconi Perillo, durou cerca de 2 horas, mas foi fechada para a imprensa, que só pode colher imagens.
Segundo a assessoria do governo, Perillo – que não deu entrevistas e deixou o encontro pouco antes do final para atender outro compromisso administrativo - garantiu às famílias que a polícia está trabalhando na busca da solução dos crimes desde o primeiro caso. Ele também teria reafirmado sua convicção na capacidade técnica das polícias que trabalham na investigação.
Em entrevista, o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, confirmou que a reunião teve como um dos objetivos assegurar o apoio e a solidariedade do Estado e do governador à dor das famílias. Segundo Mesquita, ele e os delegados envolvidos no processo de investigação também ouviram e responderam questionamentos das famílias sobre o andamento dos trabalhos da polícia.
“Houve um estabelecimento de um canal de contato e comunicação direto entre as famílias e a polícia, para que nós possamos fornecer a cada um deles as informações exatas sobre cada um dos casos, e para que os familiares também tenham um canal de fornecimento de informações que possam contribuir para a investigação”, explicou.
Segundo o secretário de Segurança Pública, as investigações sobre os assassinatos das mulheres estão avançadas, mas as famílias podem ajudar muito na solução dos casos. “Elas conhecem com quem as pessoas se relacionavam e podem contribuir para a identificação deste perfil”, citou.
Conforto
As famílias das moças assassinadas, no geral, gostaram do que ouviram do governador e das autoridades policiais. É o que declarou o avô da menina Ana Lídia Gomes, de 14 anos, assassinada no último dia 2 em um ponto de ônibus.
Para Aloísio Fernandes Gomes, 70 anos, a iniciativa foi positiva e esclarecedora. Segundo ele, estar mais próximo dá polícia é um conforto a mais para as famílias. “Até então a gente estava tão para baixo com isso, né? Conforta muita gente ver que a polícia está realmente empenhada. Achei muito interessante um instrumento que a polícia de São Paulo está oferecendo para a polícia de Goiás que pode identificar uma pessoa mesmo que ela esteja usando capacete”, citou, sobre uma das informações repassadas aos familiares das vítimas.
Já Ronaldo Ferreira Felipe, pai de Wanessa Oliveira Felipe, de 22 anos, morta no dia 23 de abril em uma farmácia, acredita que as famílias a partir de agora poderão efetivamente unir forças com a polícia. “É mais fácil nós conseguirmos algum sucesso por aí. Foram distribuídos números de telefone para que a gente possa passar qualquer esclarecimento ou tirar alguma dúvida que a gente tem, para ajudar na busca”, disse.
“A gente estava sem perspectiva nenhuma. A reunião nos trouxe uma segurança, que a gente pode confiar que vai ter resultado, não importe o tanto que demore”, disse Marlene de Sousa, mãe de Bruna de Sousa Gonçalves, 27 anos , assassinada no dia 8 de maio, na avenida T-9, quando deixava o trabalho.
Investigações
Questionado sobre a possibilidade de um serial killer estar matando mulheres goianienses, o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, disse que as investigações da Delegacia de homicídios apontam para vários autores dos crimes.
“Dos casos até então esclarecidos, nós não temos um autor, nós temos múltiplos autores. Aguardemos a conclusão das investigações dos demais casos para que possamos ter exata certeza de quem, ou quais foram os autores”, disse.
Mas o delegado Deusny Aparecido Silva Filho, superintendente da Polícia Judiciária da Polícia Civil de Goiás, um dos que comandam a força-tarefa, prefere manter cautela sobre esta informação.
“A Polícia Civil, o grupo de investigação, que dá o aporte a Delegacia de Homicídios, em momento algum, até agora, descartou ou afirmou a existência de uma pessoa matando várias ou a negativa disso. Isso nós só vamos fazer ao final da investigação, com a conclusão do inquérito policial, podendo dar à sociedade a resposta que ela precisa. Seja afirmando isso, ou negando”, disse.