Gusttavo Lima ainda pode ser preso após Justiça revogar pedido de prisão? Juristas explicam

Especialistas ouvidos pelo Terra esclarecem situação do cantor, investigado no âmbito da Operação Integration

24 set 2024 - 19h54
(atualizado às 19h59)
Justiça revoga ordem de prisão contra Gusttavo Lima
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O Tribunal de Justiça de Pernambuco revogou, nesta terça-feira, 24, o mandado de prisão preventiva contra o cantor Gusttavo Lima, assim como a suspensão do passaporte e do certificado de registro de arma de fogo em nome do artista. 

Após a nova decisão que beneficiou Gusttavo Lima no âmbito da Operação Integration, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo bets, o Terra ouviu juristas para esclarecer a situação do artista e se ele ainda pode ser preso. 

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O artista de 35 anos estava nos Estados Unidos na última segunda-feira, 23, quando a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, expediu mandado de prisão preventiva contra ele, a pedido da Polícia Civil pernambucana. 

O advogado Bruno Dallari Oliveira Lima, criminalista do escritório Oliveira Lima & Dall'Acqua Advogados, explica que Gusttavo Lima continua livre, na condição de investigado no âmbito da Operação Integration.  

"Com base no que a mídia divulgou, o pedido de prisão preventiva dele [Gusttavo Lima] tinha outras questões, como a apreensão do passaporte, a perda do registro de arma de fogo e, ao que tudo indica hoje, parece que todas essas medidas foram revogadas sem a aplicação de uma medida cautelar alternativa", iniciou o jurista.

Advogado criminalista Bruno Dallari Oliveira Lima
Advogado criminalista Bruno Dallari Oliveira Lima
Foto: Divulgação

"Levando em consideração que, efetivamente, foi isso que ocorreu, o Gusttavo Lima é um homem livre porque ele só tem uma investigação contra ele. Ele pode viajar, pode transitar em qualquer lugar, pode viver uma vida normal, só é uma pessoa que está sendo investigada", reforçou Oliveira Lima. 

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Para a juíza Andrea Calado da Cruz, o cantor deu 'guarida a foragidos', demonstrando 'uma alarmante falta de consideração pela Justiça'. 

O criminalista destaca que é preciso que a investigação apresente novos fatos incriminatórios para que haja um novo pedido de prisão contra o cantor

"A polícia não pode simplesmente entrar com um novo pedido de prisão porque simplesmente o anterior foi revogado. Teria que ter um fato novo que ensejaria esse novo pedido de prisão. Vou dar um exemplo: vamos supor que a polícia ache uma conversa de telefone que mostre que Gusttavo Lima estava ciente de uma fuga. Isso seria um fato novo e, aí sim, pode ser utilizado para pedir a prisão. Mas tem que ser um fato novo, não um mero indício", afirmou Oliveira Lima. 

Advogado criminalista Eugênio Malavasi
Foto: Divulgação

O criminalista Eugênio Malavasi considera o pedido de prisão preventiva já revogado contra Gusttavo Lima como 'ilegal'. 

"O destaque que faço de fora, como advogado que fez uma análise de fora, é na minha concepção a ilegalidade total dos fundamentos externados na decisão que decretou a prisão preventiva", afirmou, continuando: 

"Na minha visão, essa prisão afronta não só os ditames processuais, que estabelecem esse tipo de medida cautelar constritiva que é a prisão preventiva, uma prisão provisória portanto, antes até que os tribunais o declarem culpado. Sequer ele foi denunciado, portanto ele é apenas e tão somente investigado", reiterou Malavasi. 

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"A razão pela qual essa prisão, na minha concepção, é absolutamente ilegal é que afronta-se a regra procedimental, afronta-se o Código de Processo Penal e, sobretudo, a Constituição Federal, que estabelece a presunção de inocência como princípio constitucional", finalizou o criminalista. 

O que diz a defesa de Gusttavo Lima

Em nota enviada ao Terra, a defesa de Gusttavo Lima afirmou que recebeu a medida “com muita tranquilidade e sentimento de justiça”.

Mais uma vez, a equipe jurídica do cantor reforçou o descontentamento com a decisão tomada pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife e afirmou que ela “estabeleceu uma série de presunções contrárias a tudo que já se apresentou nos autos, contrariando inclusive a manifestação do Ministério Público do caso”.

A inocência do sertanejo também foi destacada no comunicado: “A relação de Gusttavo Lima com as empresas investigadas era estritamente de uso de imagem e decorrente da venda de uma aeronave. Tudo feito legalmente, mediante transações bancárias, declarações aos órgãos competentes e registro na ANAC. Tais contratos possuíam diversas cláusulas de compliance e foram firmados muito antes de que fosse possível se saber da existência de qualquer investigação em curso”.

Foto: Reprodução/Instagram/@gusttavolima

O que aconteceu com Gusttavo Lima?

O cantor de 35 anos teve prisão decretada na tarde de segunda-feira, 23, no âmbito da Operação Integration, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo bets. A operação é a mesma que prendeu a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, que deixou a prisão nesta terça

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O mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, que acatou o pedido da Polícia Civil de Pernambuco. 

"É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado", escreveu a juíza, no documento.

Na ocasião, a defesa de Gusttavo Lima chamou a decisão de “injusta e sem fundamentos legais” e afirmou que não mediria esforços para provar a inocência do sertanejo.

Fonte: Redação Terra
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