A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação para desarticular uma quadrilha responsável por fraudes na concessão de lotes destinados à reforma agrária. Dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, são alvos da Operação Terra Prometida.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, há pedido de prisão preventiva contra Odair Geller, de Lucas do Rio Verde, e Milton Geller, ex-prefeito de Tapurah, no Mato Grosso. Ambos são suspeitos de utilizar terras da União irregularmente. No entanto, eles não foram presos ainda.
O advogado deles entrou em contato com a PF e garantiu que eles vão se entregar espontaneamente, por isso eles não podem ser considerados foragidos. Não há ainda uma data e nem local onde vão se apresentar.
De acordo com a PF, cerca de 350 policiais federais cumprem, desde a manhã, 227 mandados judiciais no Mato Grosso, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Entre os investigados estão fazendeiros, empresários, grupos de agronegócio e servidores de Câmaras de Vereadores e de Prefeituras Municipais. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 1 bilhão.
O delegado Hércules Ferreira Sodré está ainda em campo fechando o cumprimento dos mandados de busca, apreensão e prisão. Pelo menos 18 pessoas já estão detidas.
De acordo com a investigação, o grupo criminoso procurava obter “reconcentração fundiária” de terras da União. Com uso da força física e até de armas, os envolvidos compravam essas áreas a baixo preço ou simplesmente a invadiam.
Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos, o grupo ainda falsificou documentos, termos de desistência e dados incluídos no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/INCRA). Isso permitiu que grandes latifundiários e até empresas multinacionais ocupassem os espaços ilicitamente.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o esquema contava com o auxílio de servidores do INCRA. Todos responderão por crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato e corrupção ativa e passiva. As penas podem chegar a até 12 anos de reclusão.