O jornalista Henrique Soares, do portal G1, foi agredido na segunda-feira, por volta do meio-dia, quando fazia matéria sobre questões habitacionais no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Segundo reportagem publicada pelo portal, o jornalista estava no interior de uma antiga fábrica, onde existe uma ocupação, quando foi alertado por uma das lideranças comunitárias que em breve haveria uma operação policial e que era melhor o repórter não ficar no local.
Ao sair, em direção ao carro de reportagem, Henrique foi rendido por dois homens, que o levaram para dentro de um galpão, onde foi agredido a coronhadas e teve o celular e um relógio roubados. Os criminosos o teriam confundido com um policial, o que só foi esclarecido com o depoimento das lideranças comunitárias, que garantiram ser ele repórter.
Henrique foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, onde recebeu os primeiros socorros e depois foi transferido para um hospital particular. Segundo parentes, apesar da violência, ele não ficou gravemente ferido e já depôs na polícia.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota manifestando solidariedade ao repórter e se colocou à disposição para apoiá-lo no que for necessário. A Abraji considera fundamental que os responsáveis pela violência sejam rapidamente identificados e punidos. Também pediu transparência total do governo do Estado na apuração do caso.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentou o acontecido e informou que a ocorrência foi incluída no Relatório de Liberdade de Imprensa, divulgado anualmente, com todos os casos de violência contra a imprensa, seja por parte de criminosos ou da polícia.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro publicou nota manifestanto repúdio pela violência sofrida pelo repórter e exigiu apuração rigorosa do crime, com identificação e responsabilização dos agressores. Entre junho de 2013 e outubro de 2014, o sindicato tomou conhecimento e providências em relação a 114 casos de violência contra jornalistas no município do Rio de Janeiro.
O Complexo do Alemão é o mesmo local onde morreu, em junho de 2002, o jornalista Tim Lopes, que tinha ido na vizinha Vila Cruzeiro fazer uma matéria sobre a exploração de jovens em bailes funk. O Alemão foi ocupado por forças policiais em novembro de 2010, onde foram instaladas, em 2012, quatro unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Uma delegacia de polícia também foi inaugurada no local, o que garantiu, durante um longo período, uma situação de tranquilidade na comunidade. Porém, nos últimos meses, são constantes os enfrentamentos entre policiais das UPPs e traficantes de drogas, que voltaram a empunhar armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras.
O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, determinou empenho e rapidez na identificação e prisão dos responsáveis pela agressão. A secretaria ressaltou que considera inadmissível qualquer ameaça à liberdade de imprensa.