Foi retomado nesta quarta-feira na 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a audiência de instrução e julgamento do caso envolvendo a tortura e desaparecimento do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza, em julho do ano passado, na favela da Rocinha. A primeira testemunha a depor hoje foi o técnico pericial do Ministério Público Robson Spinelli. A previsão é sejam ouvidas ao menos outras três testemunhas de acusação nesta quarta-feira.
Os vinte e cinco policiais que atuavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da maior comunidade do País, incluindo o comandante da unidade na ocasião, o major Edson Santos, voltam a sentar no banco do réus para responder pelas acusações de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual, omissão imprópria e formação de quadrilha. Somadas, as penas podem chegar a 33 anos de reclusão, dependendo do envolvimento de cada um no caso.
Spinelli visitou ontem a sede da UPP da Rocinha e afirmou que os contêineres em que funciona a polícia não tem revestimento acústico. "Não há a menor dúvida de que é possivel ouvir gritos de um contêiner para o outro", relatou.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital teriam torturado Amarildo depois de ele ter sido levado para a base da UPP.
Ainda de acordo com o MP, outros policiais militares são suspeitos de participar ativamente da ação, vigiando do lado de fora da base ou sendo omissos por não terem impedido os atos de tortura contra Amarildo.
Ao contrário dos dois primeiros dias de julgamento, a esposa de Amarildo, Elisabeth Gomes da Silva, não veio ao tribunal. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) preferiu não divulgar o nome da juíza responsável pelo caso. Spinelli é a sétima testemunha a ser ouvida. Não há previsão para o fim do julgamento.