Justiça manda soltar dupla de acusados do caso Santiago

A 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro desqualificou a acusação de homicídio culposo contra Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza

18 mar 2015 - 17h05
(atualizado às 20h43)
<p>Os jovens acenderam o rojão que causou a morte do cinegrafista Santiago Andrade, no ano passado; o alvará de soltura já foi expedido</p>
Os jovens acenderam o rojão que causou a morte do cinegrafista Santiago Andrade, no ano passado; o alvará de soltura já foi expedido
Foto: Twitter

Pouco mais de um ano após a tragédia que tirou a vida do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio de Andrade, os dois réus do caso conseguiram uma expressiva vitória na 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro: Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza tiveram desqualificado contra si a acusação de homicídio triplamente qualificado. E mais: poderão responder o processo em liberdade. Os alvarás de soltura de ambos já foram expedidos – eles estão detido no complexo penitenciário de Bangu. 

Santiago Andrade morreu em fevereiro do ano passado numa manifestação que ocorria na Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Os dois acusados teriam acendido o rojão que explodiu na altura da cabeça do cinegrafista, que não resistiu ao ferimento. Em contato com o Terra, o advogado de Caio Souza, Antônio Melchior, explica que agora seu cliente não terá mais contra si a acusação de motivo torpe, uso de explosivo, e impossibilidade de defesa da vítima. 

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“Foi reconhecido que há provas a respeito da existência de um crime, mas que esse crime não é triplamente qualificado. O crime se trata de explosão com resultado morte, o que pode dar até oito anos de prisão”, enfatizou. A votação foi apertada, já que o relator do processo, o desembargador Marcus Quaresma Ferraz, foi vencido por seus colegas Gilmar Augusto Teixeira e Elizabete Alves de Aguiar. Ainda cabe recurso ao Ministério Público. 

Os acusados Fábio Raposo e Caio Silva de Souza em audiência (25.04.2014)
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra

Por ora, o caso sai da competência do 3º Tribunal de Júri, e será redistribuído para uma vara criminal da comarca do Rio de Janeiro. “Não se deixou de reconhecer que um erro grave foi cometido, mas era necessário eliminar o abuso acusatório”, disse o advogado de Caio. Ambos ainda não serão mais levados a júri popular de acordo com a decisão da 8ª Câmara Criminal.

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Melchior explicou ainda que dificilmente os dois manifestantes serão soltos ainda nesta quarta-feira – uma vez que, por mais que o alvará já tenha sido expedido, trâmites burocráticos impedem a sua pronta resposta. (Fábio possui dois defensores públicos no caso)

Além disso, Fábio e Caio terão alguns tipos de privações após deixarem Bangu. Estarão com monitoramento eletrônico, com o uso de tornozeleira, não poderão viajar em hipótese alguma, e terão toque de recolher, não podendo ficar na rua durante a noite, e muito menos participarem de qualquer tipo de manifestação.

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A filha de Santiago mostrou indignação por meio de um texto em seu Facebook: "A decisão deve ser acatada e respeitada. Sou mais uma parcela da sociedade que passa a conviver com assassinos de um homem íntegro e justo em liberdade. É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha. E lamento. Lamento não ser como os defensores, que perdoam dois assassinos, que transformaram em noites os dias de uma família com um simples voto. Se Caio e Fábio estão livres, lamento mais ainda desapontá-los, mas a minha batalha continua, até a última instância, estou preparada. Santiago Andrade morreu pelo simples fato de estar mostrando ao país o que vocês acharam que seriam capazes com os rostos escondidos. Meu pai salvou cinco vidas, meu pai é o meu orgulho, meu pai descansa em paz. Eu me pergunto agora: quem tem orgulho de vocês?".

Fonte: Terra
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