A crise da segurança pública no Maranhão pode ter contribuído para que a população acione mais o serviço de Disque-Denúncia estadual. Ele permite a qualquer cidadão denunciar, anonimamente, suspeitas de tráficos de drogas, homicídios, roubos e mais uma centena de ilícitos, irregularidades ou problemas na prestação de serviços públicos.
Nos últimos dias, informações fornecidas pela população contribuíram para que as forças policiais prendessem ao menos 14 pessoas envolvidas com a recente onda de violência nas ruas, inclusive seis criminosos que participaram dos ataques a ônibus e delegacias no primeiro final de semana deste ano.
Em um dos cinco veículos incendiados no último dia 3, cinco pessoas ficaram gravemente feridas, entre elas a menina Ana Clara Santos Sousa, 6 anos, que teve 95% do corpo queimados e morreu no dia 6.
Os dados relativos aos atendimentos das últimas semanas ainda estão sendo contabilizados, mas o aumento na procura foi observado durante o mês de dezembro. Segundo o coordenador do serviço, Erik Moraes, em dezembro de 2013, as equipes do Disque-Denúncia atenderam 3.360 ligações, um resultado 43% maior que as 2.347 chamadas no mesmo mês de 2012. Ao longo de todo o ano passado, os 42.770 ligações registradas colaboraram para a detenção de 652 pessoas.
De acordo com Moraes, a comparação entre a média de ligações diárias recebidas entre os últimos dias de dezembro de 2013 (quando mais mortes ocorreram no interior do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís) e as duas primeiras semanas deste ano e a média esperada para o mesmo período em outras circunstâncias pode resultar em uma variação de cerca de 70%.
"Houve um aumento médio de 70% na demanda por nosso atendimento nesse último período. O que sinaliza um maior envolvimento da população, e não necessariamente que a violência tenha crescido", disse Moraes. De acordo com o coordenador, em um único dia, as equipes chegaram a atender 324 ligações, em vez dos 100 telefonemas costumeiros.
"Com a ajuda da população, em menos de 48 horas, conseguimos reunir informações que ajudaram os setores de inteligência a identificar e localizar vários criminosos. E com a notícia de que os criminosos envolvidos na morte da Ana Clara tinham sido presos com a ajuda dessas informações, as denúncias aumentaram ainda mais. Além disso, a qualidade das informações fornecidas também vem melhorando bastante", acrescentou Moraes.
Segundo o coordenador, a maior parte das denúncias ainda provém de São Luís e região metropolitana, o que indica a necessidade de fortalecer o serviço no interior do Estado. "Cerca de 85% das denúncias são da região metropolitana de São Luís. O restante do Estado, onde reside a maior parte da população maranhense, responde por apenas 15% das denúncias."
Qualquer cidadão pode acionar o serviço. A denúncia é feita anonimamente. Os telefones de contato são o (98) 3223-5800, para quem liga da região metropolitana de São Luís, e 0300-3135-8000 para quem está no interior. "Precisamos muito que a sociedade ligue e nos ajude", solicitou.
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3 de janeiro - Cinco pessoas foram vítimas de tentativa de homicídio e o sargento reformado da PM Antônio César Serejo, morto, durante onde de ataques ordenadas por detentos do Presídio de Pedrinhas, em São Luís
Foto: Clodoaldo Corrêa
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3 de janeiro - Na mesma noite, quatro coletivos foram incendiados. Uma menina de 6 anos acabou morrendo em decorrência das queimaduras. Sua mãe e sua irmã, de 1 ano, também ficaram feridas, além de um homem. O bisavô da vítima fatal morreu de infarto ao saber do atentado
Foto: Clodoaldo Corrêa
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9 de janeiro - A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, participa de reunião extraordinária do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, para debater a situação no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, e as violações dos direitos humanos cometidas contra presos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
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9 de janeiro - Pedrinhas foi um dos alvos de investigação da CPI do Sistema Carcerário, em 2008, quando foi listado entre os 10 piores presídios do País
Foto: Clayton Montelles / Governo do Maranhão
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9 de janeiro - Após reunião com a cúpula da Segurança do Maranhão e com a governadora Roseana Sarney, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou medidas conjuntas para o enfrentamento ao crime e a melhoria do sistema penitenciário do Estado
Foto: Geraldo Furtado / Governo do Maranhão
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10 de janeiro - Muitas faixas contra a governadora Roseana Sarney (PMDB) foram pintadas pelos manifestantes
Foto: Clodoaldo Corrêa
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10 de janeiro - No começo, apenas um pequeno grupo pintava os cartazes e fazia barulho em cima de um carro de som
Foto: Clodoaldo Corrêa
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10 de janeiro - Desde as 16h, um pequeno grupo começou a organizar a manifestação em frente à biblioteca pública Benedito Leite
Foto: Clodoaldo Corrêa
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10 de janeiro - Uma forte barreira policial conteve a manifestação e como é de praxe durante manifestações, todas as entradas da praça foram cercadas com gradeado e os manifestantes não conseguiram se aproximar da frente do palácio
Foto: Clodoaldo Corrêa
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10 de janeiro - O movimento saiu da praça Deodoro, no centro da cidade, até a praça Dom Pedro II, onde fica o Palácio dos Leões, sede do poder Executivo estadual
Foto: Clodoaldo Corrêa
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10 de janeiro - Cerca de 500 pessoas foram às ruas da capital maranhense nesta sexta-feira para cobrar do poder público melhoria no sistema de segurança e na prestação de serviços
Foto: Clodoaldo Corrêa
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5 de janeiro - Dez pessoas foram presas até a tarde do domingo suspeitas de envolvimento com os ataques a coletivos e delegacias na cidade de São Luís
Foto: Clodoaldo Corrêa
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4 de janeiro - Viatura baleada em delegacia que foi alvo de atentado
Foto: Clodoaldo Corrêa
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15 de janeiro - Governadora Roseana Sarney recebe apoio logístico da secretária responsável pela administração penitenciária do Paraná
Foto: Janaína Garcia
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16 de janeiro - Segundo funcionários do presídio, a rebelião estaria ocorrendo Centro de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), uma das oito unidades prisionais do complexo
Foto: Janaina Garcia
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16 de janeiro - Do lado de fora de Pedrinhas, as mulheres de dois detentos afirmaram ao Terra que ouviram, por volta das 13h30, barulhos de tiros e bombas
Foto: Janaina Garcia
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16 de janeiro - Agentes da Força Nacional e homens da Tropa de Choque da PM do Maranhão entraram pouco antes das 14h desta quinta-feira em uma das unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas para conter um princípio de rebelião
Foto: Janaina Garcia
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16 de janeiro - Para o pai de Ana Clara, a filha não será a última vítima da violência no Estado
Foto: Janaina Garcia
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16 de janeiro - Grupo protestou contra a escalada da violência em todo o Maranhão
Foto: Janaina Garcia
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16 de janeiro - O filho de Josaíldes foi baleado e morto em uma escola da Grande São Luís
Foto: Janaina Garcia
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17 de janeiro - A secretária de Administração Penitenciária do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, fala na sede do governo do Maranhão, em São Luís, sobre um software que o governo paranaense cedeu ao Estado para gerenciar a situação dos presos maranhenses
Foto: Janaina Garcia
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17 de janeiro - Sebastião Uchôa conversou com o Terra nesta sexta-feira
Foto: Janaina Garcia
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17 de janeiro - "Não é resto de comida, não: é comida que os presos não querem", faz questão de observar dona Geni
Foto: Janaina Garcia
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20 de janeiro - Comboio de viaturas para transferência de presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Foto: Handson Chagas / Sejap
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20 de janeiro - Identidade, quantidade e destino de presos transferidos não foram confirmados pelo governo do Maranhão por "questão de segurança"
Foto: Handson Chagas / Sejap
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20 de janeiro - Nesta segunda, o Maranhão iniciou a transferência de presos de Pedrinhas para presídios federais de segurança máxima
Foto: Handson Chagas / Sejap