A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quarta-feira (3), mandados de busca e apreensão em empresas suspeitas de terem movimentado, pelo menos, R$ 30 milhões em recursos federais e do tesouro estadual. A operação Geist - em alusão à palavra fantasma, em alemão – foi iniciada em 2013 depois de uma denúncia do vice-prefeito da cidade de Anajatuba (MA), distante cerca de 160 km de São Luís. A operação é capitaneada pelo Ministério Público do Maranhão e tem a participação das Polícias Federal, Civil e da Controladoria Geral da União.
De acordo com o chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate as Organizações Criminosas (Gaeco), promotor Marco Aurélio Rodrigues, o esquema era comandado pelo empresário Fabiano Bezerra, o qual constituía empresas em nome de “laranjas” e firmava contratos com prefeituras. A CGU analisou os contratos e constatou que as empresas não funcionam nos locais informados, apresentaram capital fictício e não tinham funcionários.
Marco Aurélio Rodrigues disse ainda que, nesta fase da investigação, o alvo principal é a cidade de Anajatuba, mas outras prefeituras que mantinham ou mantiveram contrato com as empresas estão sendo analisadas. “Sabemos que esta empresa já teve contrato com as prefeituras de Codó, Trizidela do Vale, Chapadinha, Caxias e Itapecuru. Todos serão cuidadosamente analisados”.
Outras prefeituras
Já sobre a responsabilidade das prefeituras, a investigação concluiu que houve direcionamento nas licitações, restrição aos concorrentes que não faziam parte do esquema, ausência de informações essenciais sobre o objeto licitado e contratos de fachada e pagamentos a serviços não executados. “Todos os processos estão sob análise e podemos adiantar que haverá desdobramentos”, informou o chefe regional da CGU no Maranhão, Francisco Alves.
Os recursos desviados pelo bando eram, segundo a polícia, de programas do Governo Federal e de recursos do tesouro estadual. Num dos casos um motoboy era sócio de uma empresa que prestava serviços na área de limpeza pública na cidade.
Patrimônio
Está sendo feito um levantamento do patrimônio dos envolvidos para apurar possível lavagem de dinheiro, uma vez que o padrão de vida dos suspeitos é elevado e não condiz com os rendimentos apresentados. “É provável que os valores desviados tenham sido usados em imóveis, como a construção de casas e aquisição de terrenos”, afirmou o promotor.
A próxima fase da operação Geist deve ter pedidos de prisões preventivas e temporárias, feitas a partir da apresentação dos documentos que comprovam a fraude e a função de cada um dos envolvidos no esquema.
Morte de jornalista
Em certo ponto, as investigações da operação Geist se assemelham a uma outra também em curso: a de agiotagem no Maranhão que teve início depois da morte do jornalista Décio Sá, em abril de 2012. Segundo o delegado da Polícia Civil e superintendente de investigações criminais no Estado, este grupo atuava de forma parecida com a organização que encomendou a morte do jornalista. “Em algum momento elas se encontram. Os grupos são diferentes: lá era o Glauco e aqui o Fabiano”, informou.