Madrasta de Bernardo queria "se livrar" dele, diz testemunha

3 set 2014 - 19h30
(atualizado às 19h31)

Uma amiga de Graciele Ugulini, madrasta do garoto Bernardo Uglione Boldrini, foi a quinta testemunha de acusação a ser ouvida pela Justiça, nesta quarta-feira, na audiência de instrução do processo criminal que apura a morte do menino de 11 anos, ocorrida em abril. Em seu depoimento, ela relatou uma conversa em que Graciele teria dito que, assim como o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, estava farta das constantes discuções com o garoto, e que ambos decidiram "se livrar" dele.

A testemunha é dona de uma loja na cidade de Redentora, onde Graciele também morava. Em seu depoimento, que durou pouco mais de uma hora, a mulher relatou que recebeu a visita da madrasta de Bernardo cerca de dois meses antes da morte dele, e que ela se queixou do comportamento "difícil" do menino.

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A madrasta falou à amiga sobre as brigas entre o enteado e o casal, e que o garoto, inclusive, ameaçava o pai com faca. Disse que tinha medo de deixar a filha sozinha com o irmão, e que o casal, farto da situação, estava decidido a "se livrar" de Bernardo. Graciele também teria dito à testemunha que "se Leandro tivesse um sítio com um poço já teria feito isso há muito tempo".

Ao ouvir o desabafo da amiga, a testemunha disse que tentou demovê-la da ideia e sugeriu que o casal entregasse Bernardo para a avó materna ou fosse encaminhado para tratamento psicológico. Em resposta, Graciele teria dito que a avó, ao constatar o comportamento agressivo do garoto, desistiu de cuidar dele, assim como os psicólogos também teriam desistido de tratar o menino.

A mulher afirmou que não avisou a polícia porque acreditava que as declarações fossem "da boca para fora" e Graciele era uma pessoa que costumava mentir, exagerar o que falava. A amiga também relatou que a madrasta sonhava em se casar com um homem rico, de preferência um médico.

Audiências

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A tesmunha desta quarta-feira depôs por carta precatória (quando a testemunha reside fora da Comarca onde o processo tramita) no Foro da Comarca de Coronel Bicaco (RS).

Na próxima segunda-feira, na Comarca de Três Passos, mais sete testemunhas arroladas pela acusação deverão ser ouvidas. Também serão ouvidas testemunhas nas cidades de Rodeio Bonito, Santo Ângelo, Soledade, Frederico Westphalen e Santa Maria, todas no Rio Grande do Sul. Outras quatro pessoas já prestaram depoimento sobre o caso. 

Ao todo, 77 pessoas foram incluídas como testemunhas, sendo 25 pelo Ministério Público, de acusação, e 52 pelas defesas dos quatro acusados.

O caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.

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O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.

Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto.

Fonte: Terra
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