Máfia das próteses não surpreendeu entidade médica

Conselho Regional de Medicina do RS já investigava processos semelhantes aos denunciados pelo Fantástico, mas esbarra na dificuldade de conseguir provas

6 jan 2015 - 18h03
(atualizado às 18h04)

O delegado adjunto da delegacia fazendária do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) do Rio Grande do Sul, Daniel Mendelski, confirmou nesta terça-feira que a Polícia Civil gaúcha tem uma investigação em andamento paralela às denúncias feitas pelo Fantástico na noite de domingo sobre a “máfia das próteses”, esquema de corrupção envolvendo médicos e empresas que vendem próteses em todo o Brasil.

O inquérito ainda está sob sigilo, por isso detalhes não são confirmados pelo delegado. O programa dominical revelou um esquema entre médicos e fornecedores de material que envolvia comissões a médicos que faziam cirurgias e burlavam o sistema, por vezes cobrando por material que não havia sido utilizado e para cirurgias que nem mesmo eram necessárias. 

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As denúncias apuradas pelo DEIC são sobre casos semelhantes aos que o Fantástico revelou neste domingo. Porém, a instituição lesada nos casos investigados é o  Instituto de Previdência do Estado do RS (IPE), plano de saúde para servidores públicos do Estado.

Entidade médica investiga sete casos

O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) também confirmou ao Terra que  já tem investigações em andamento a pelo menos um ano e meio envolvendo comissões por uso órteses e próteses. No entanto, o presidente do Cremers, Fernando Matos, não revelou se os nomes investigados estão entre os citados pela reportagem do Fantástico. 

"Temos sete processos em andamento sobre órtese e prótese que estamos investigando. E veio essa grande notícia da mídia causando um problema. O Conselho de Medicina já está fazendo investigação dos casos de denúncia que surgem. Vamos continuar o mesmo trabalho. Na medida que temos conhecimento de alguma denúncia do trabalho médico que tenham relação com ato ilício, abrimos sindicância e investigamos. Se está sendo investigado pelo Ministério Público Federal e Estadual, Polícia, solicitamos as provas concretas, que nos enviem, mantendo o sigilo que por lei somos obrigados. Fazemos o julgamento e, se for o caso, nós fazemos a punição", afirmou Matos.

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Ele explicou que as punições vão de notificação interna, notificação pública, suspensão e até a cassação do exercício profissional. 

O presidente do Conselho, porém, admitiu que a prática é algo comum. Segundo ele, nenhuma das denúncias feitas no Fantástico foi uma surpresa para os integrantes da classe. No entanto, ele salienta a dificuldade de conseguir provas para acabar punindo de maneira severa os responsáveis. "Nada que foi colocado foi surpresa. Temos conhecimento dos fatos. Mas (os esquemas) são transmitidos verbalmente, não se parte para as provas", comentou. 

Dos processos administrativos internos do Cremers, a tendência é que a primeira investigação tenha seus desdobramentos nos próximos seis meses, com possíveis punições aos denunciados.

Fonte: Especial para Terra
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