O novo chefe da Polícia Civil de São Paulo iniciou seu trabalho com uma declaração polêmica. Youseff Abou Chahin, 51 ano, tomou posse nesta segunda-feira e defendeu maior punição para jovens infratores. “"Os menores (de idade) hoje são 007: têm licença para matar. Por quê? Porque ele não vai preso. Fica na Fundação Casa por um período e sai", afirmou Chahin. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O ataque, segundo o jornal, foi criticado por entidades de proteção de direitos humanos. A lei atual prevê um tempo de internação máximo de três anos de adolescentes. Desde 2014, o governador Geraldo Alckmin defende, em projeto enviado ao Congresso, que a internação seja ampliada para até oito anos. Segundo a vontade do tucano, ao completarem 18 anos, os infratores continuariam presos, mas em cela separada da população carcerária comum.
"Nós temos que trabalhar na causa também. Nós temos de fazer esse lobby", disse Chahin, nomeado delegado-geral da Polícia Civil. As afirmações foram feitas após ele ser questionado sobre aumentos seguidos de roubos.
Outro lado
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Martim de Almeida Sampaio, classificou as declarações de "lamentáveis", um "chamado à violência".
"A legislação do Brasil não é branda. O problema é outro. Nós temos uma polícia incompetente, que não investiga, que prende, mas prende mal", disse ele, em referência ao esclarecimento de apenas 2% dos roubos pela polícia paulista. "Daqui a pouco vai ser mais fácil matar no ventre. Acaba com marginal no ventre."
Para Marcos Fuchs, da ONG Conectas, a fala é "estarrecedora", pois "menos de 1% dos crimes hediondos é praticado por adolescentes".