O corretor de imóveis Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que foi assassinado na última sexta-feira, 8, no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, se recusou a integrar o programa de proteção a testemunha oferecido pelo Ministério Público (MP).
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Em imagens cedidas ao Fantástico, da TV Globo, o empresário aparece em uma audiência na qual pede para ter uma escolta policial. "Não se enquadra no meu estilo, doutor", disse Gritzbach ao recusar o programa de proteção.
O corretor solicitou "mais segurança" ao Ministério Público depois de ter sofrido um primeiro atentado em 25 de dezembro de 2023. Vários tiros foram disparados contra um apartamento em que ele estava, mas a tentativa não foi bem sucedida.
"Cada vez mais eu preciso de mais segurança. Então, eu precisava de um amparo de vocês também porque vocês estão falando com um morto-vivo hoje", pediu o empresário em audiência com o MP.
Morte em aeroporto
Gritzbach foi atingido por 10 tiros na saída do Terminal 2 do aeroporto, quando retornava de uma viagem a Maceió (AL) com a namorada. Quatro policiais militares, que atuavam como seus seguranças de maneira informal, iriam buscá-lo no local, mas não chegaram a tempo por um suposto problema no carro.
Outras três pessoas ficaram feridas durante o atentado contra o empresário. O motorista de aplicativo Celso Araújo, que foi atingido por um tiro de fuzil nas costas, não resistiu e faleceu no sábado, 9, após ficar internado por um dia na UTI do Hospital Geral de Guarulhos.
Ivelson Salotto, advogado e amigo de Gritzbach, contou que ele era "brilhante" e "extremamente competente". "Brilhante jovem empresário e extremamente competente. Ele não se envolveu com o crime, o crime veio e envolveu ele", declarou.
Ligação com o PCC e 'arquivo vivo'
Segundo investigações, o corretor fazia negócios imobiliários com criminosos ligados ao PCC. Uma dessas pessoas era Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta. Ele foi assassinado em dezembro de 2021, e uma denúncia anônima apontou o empresário como mandante do crime.
Gritzbach negou a autoria do crime e, na época, disse que havia encontrado com Cara Preta um dia antes dele ter sido assassinado. No entanto, existia uma suspeita de que o corretor devia cerca de R$ 100 milhões a Cara Preta, quantia que teria sido entregue a ele para que investisse em criptomoedas, mas o dinheiro sumiu.
Em audiência, Gritzbach afirmou que estava sendo ameaçado pelo PCC e que, inclusive, foi sequestrado pelo grupo. Ele foi denunciado pela morte de Cara Preta, estava aguardando pelo julgamento e, no fim de 2023, foi alvo de outra investigação: lavagem de dinheiro para o PCC.
Foi quando o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de São Paulo, ofereceu um acordo de delação premiada. Salotto, que era seu advogado, não concordou e deixou o caso. A defesa de Gritzbach ficou por conta, então, de Aristides Zacarelli. Segundo ele, o corretor externou sua vontade em fazer a delação.
O empresário continuou a negar a participação na morte, mas admitiu que ajudou a facção criminosa a lavar dinheiro por meio da compra e venda de imóveis. De acordo com o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, o depoimento de Gritzbac seria importante para o MP em virtude de ele ter convivido com líderes do PCC.
"Ele sabia onde o crime organizado estava lavando o dinheiro, ele ajudou. Ele é réu confesso nesse sentido. [...] Ele até enriquece vendendo imóveis para criminosos. [...] Ele era um arquivo vivo, disso não tenho dúvidas", afirmou ao Fantástico.