O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, destacou a transferência de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) de unidades prisionais de São Paulo para presídios federais, como sendo uma nova forma de atuação do executivo diante de organizações criminosas.
"Há algumas semanas houve a transferência de lideranças de uma organização criminosa poderosa. A ação foi eficaz e sem incidentes, ao transferir para presídios federais distantes de seu local específico de poder. Essa ação de isolamento é importante quando se lida com organizações criminosas", disse Moro, em um seminário sobre políticas de justiça e segurança pública promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Foi o primeiro comentário em público de Sérgio Moro sobre a operação, que foi planejada em sigilo ao longo de um mês e meio, desde o início do ano até a deflagração, em meados de fevereiro. O isolamento de líderes de facções já havia sido apontado antes pelo ministro como uma das medidas fundamentais de combate ao crime organizado.
O ex-juiz da Lava Jato destacou a "coordenação com vários órgãos e vários ministérios, o da Justiça, o da Defesa, e o Gabinete e Segurança Institucional (GSI), em atuação em conjunto com órgãos do Estado de São Paulo". "Logrou-se realizar essa transferência de maneira bastante eficaz e tranquila e sem vazamentos."
Outro ponto que o ministro destacou foi a repressão à onda de ataques no Ceará feitos por organizações criminosas em janeiro.
Segundo ele, no entanto, é necessário implementar outras medidas para o combate a organizações criminosas. Entre elas, o ministro propõe alterações legislativas, no pacote anticrime enviado à Câmara semana passada.
Projeto
Sem dar detalhes, Moro comentou pela primeira vez sobre um estudo em andamento no Ministério da Justiça e Segurança Pública para a criação de um "contrato local de gestão de segurança pública". A ideia seria selecionar para implementar o projeto em um número de municípios com alto índice de criminalidade.
O seminário conta com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e do também ministro do STF Alexandre de Moraes. Também compareceram o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, bem como a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha.