As contas bancárias da família de Deolane Bezerra foram encerradas pelas instituições, em novembro de 2023, após centenas de movimentações consideradas suspeitas e incompatíveis com a renda declarada. O inquérito policial aponta que R$ 7,9 milhões foram transferidos em 1.180 transações via pix, em menos de seis meses. A informação é do Extra.
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Nesse período é que a família passou a ser alvo da Polícia Civil de Pernambuco, em uma investigação que desencadeou a Operação Integration, que prendeu a advogada e influenciadora por suspeita de participação em um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes em jogos de azar.
Na conta da mãe de Deolane, Solange Alves Bezerra Santos, foram movimentados, entre 1º de dezembro de 2022 a 21 de janeiro de 2023, a quantia de R$ 478.973,61. A renda mensal presumida era de pouco mais de R$ 10 mil, segundo o jornal.
Desse montante, R$ 167.433,23 aparecem em 25 transferências com a Pay Brokers Cobrança e Serviço, uma das empresas investigadas. Foram encontradas ainda mais de 60 transações via pix feitas na conta dela e com ligação a outras empresas ligadas a sites de apostas.
Já a conta do filho caçula da advogada e influencer, que tem renda mensal de R$ 2.033,29, foi acolhido o “montante a crédito no valor de R$ 1.393.959,84 no período analisado”, conforme a Justiça. Entre 1º de dezembro de 2022 e 31 de maio de 2023, os débitos na conta chegaram a R$ 1.357.464,96, sendo 99% deles em transferências via Pix.
A investigação concluiu que foram feitas 380 transações na mesma modalidade em menos de seis meses, o que, segundo as autoridades, demonstra que “Deolane utiliza-se de sua genitora e do seu filho menor de idade para lavagem de capitais investigada no presente inquérito policial".
O Terra procurou a defesa de Deolane Bezerra, que afirmou que só se manifestará nos autos.
Deslize culminou na investigação
Um deslize de Dayanne Bezerra Santos, a irmã caçula da advogada, foi o que levou à investigação. Segundo o jornal, em novembro de 2023, ela tentou sacar a quantia em espécie de R$ 2 milhões. O valor seria usado para comprar um imóvel em São Paulo, de Derik Elias Costa Silva, de 20 anos, irmão do influenciador Nino Abravanel, de 18. Ambos respondem, desde julho, pelo homicídio de um pedreiro que matou o avô deles.
Derik teria solicitado o valor em dinheiro vivo, segundo teria alegado Dayanne. Com a reserva para o saque, a Coaf emitiu um alerta para a Diretoria Integrada Metropolitana (DIM), da Polícia Civil, em 24 de novembro de 2023, pois o montante não era compatível com os rendimentos declarados da também advogada, que seriam de R$ 21 mil mensais.
Uma investigação interna apontou que o imóvel não estava no nome do vendedor. “Em consulta ao ONR [Operador Nacional do Registro Eletrônico de Imóveis] no dia 24/11/2023 às 14:05h, (...) não há nenhum imóvel no Estado de SP, em nome do CPF indicado por Dayanne, que ela forneceu à gerência do banco e quem fez o provisionamento do saque”, relata a Coaf.
O contrato de compra e venda do imóvel não foi apresentado ao banco pela também influenciadora, e por isso, o saque foi barrado e as contas do ‘clã Bezerra’ encerradas pela entidade.
"Ocorre que o saque de dois milhões de reais, não foi autorizado pelo banco, que ainda cancelou a conta da Deolane Bezerra por suspeita de lavagem de dinheiro", aponta o inquérito.
O alerta também apontou que a irmã de Deolane tinha 50% na empresa Bezerra Comércio de Artigos em Geral Ltda, 25% na DSDD Cobranças e Informações Cadastrais Ltda, 10% na Bezerra Produções Artísticas Ltda, e 1% na Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda.
Conforme o relatório, a conta da qual Dayanne iria sacar o dinheiro para a compra do imóvel, recebeu entre abril e setembro de 2023 o valor de R$ 6.155.188,24. Dessa quantia, 93% foram transferidos via Pix, segundo o relatório. Já o total de débitos foi de R$ 6.125.108,96, sendo 50% aplicação em investimento e 36% movimentação via Pix.
"Chama atenção a movimentação a crédito apresentada não ser possível atestar que a origem dos recursos seja proveniente da atividade comercial, tendo em vista que a maior parte dos valores recebidos são oriundos de empresas de meio de pagamento, onde não é possível identificar o real remetente desses recursos”, destacou o documento.