Dois anos após ter sido raptada na casa da mãe adotiva, em um bairro de classe média de Cuiabá (MT), foi encontrada, pela Polícia Federal, a menina Ida Verônica Feliz, que hoje está com dez anos de idade.
Ela vive na Itália, em uma cidade chamada Cassola, com os pais biológicos, apontados pela PF como traficantes de drogas. Eles perderam a guarda da menina, porque a deixaram, ainda recém-nascida, sozinha em um quarto de hotel.
Inconformados com a perda da guarda, os pais chegaram a tentar levá-la mais tarde, após serem liberados da prisão. Mas a mãe adotiva não permitiu. No dia 26 de abril, de 2013, em uma ação criminosa, o casal, que tem outro filho menor, raptou a menina.
Desde então, a PF e a Interpol atuam juntas no rastreamento por todo o mundo do casal Élida Isabel Feliz e Pablo Milano Escarfulleri.
Na tarde da última segunda-feira (19), a Polícia Federal informou sobre a localização da criança pelo Facebook, com um selo de “encontrada”, na ficha do caso.
O caso da menina foi registrado na Difusão Amarela da Interpol que “é destinada para fins humanitários com o objetivo de buscar pessoas desaparecidas ou perdidas, principalmente menores e pessoas com deficiência física ou psicológica, incluindo abduções feitas por parentes de criança”, explica nota da PF.
A nota diz ainda que “diante desse registro, a Representação Italiana da Interpol logrou êxito em localizar a menor e comunicou o fato à representação brasileira da Interpol, no caso a Polícia Federal. No entanto, como se trata de menor de idade que possui cidadania italiana, a repatriação ao Brasil depende do consentimento de autoridade judicial”.
Informada sobre o caso, a Justiça da Itália decidirá com quem a menina ficará. Mas as autoridades brasileiras que acompanham esta ocorrência já estão avisadas sobre a localização de Ida, para intermediar as conversações sobre a guarda da menina, inclusive a Defensoria Pública que acompanha a família adotiva.
Dois anos de espera
A mãe adotiva de Ida Verônica, Tarcila Gonçalina de Siqueira, disse ao Terra que não cabe em si de alegria, após dois anos de muitas lágrimas. “Ou ela volta logo ou me colocam para falar com ela, porque isso dói muito”, reclama a dona de casa, que tem outras duas filhas biológicas, mas resolveu adotar mais um filho “por amor”.
Dona Tarcila conta que adotou a menina quanto ela era bebê, de três para quatro meses de idade. Desde então, cuidou, deu papinhas, vestiu a menina, que era a alegria da casa.
“Tivemos a guarda provisória, mas já entramos com o pedido da guarda definitiva, então não tem por que essa menina, que viveu comigo todos esses anos, ficar longe. Ela também deve ter sofrido a nossa ausência”, argumenta.
Nesses dois anos de rapto, dona Tarcila não recebeu nenhuma mensagem sobre o estado de saúde e emocional da menina. “Eu sou mãe, mãe se preocupa”.