Nego Di usou sua influência nas redes sociais para atrair vítimas de golpes, diz delegado

Segundo a Polícia Civil, foi levantado "um farto material probatório de estelionato" contra o influenciador e humorista

14 jul 2024 - 19h41
(atualizado às 23h04)
Nego Di é preso por suspeita de estelionato
Nego Di é preso por suspeita de estelionato
Foto: João Cotta/Globo/Divulgação / Estadão

O humorista Nego Di é suspeito de usar sua influência nas redes sociais para atrair vítimas de golpes, segundo a Polícia Civil. Ele foi preso por policiais civis do Rio Grande do Sul, que apuraram 370 crimes de estelionato envolvendo o ex-BBB. Segundo informações divulgadas em uma coletiva de imprensa neste domingo, 14, o humorista vendia produtos em sua loja virtual, a "Tadizuera", mas não os entregava aos clientes. Os supostos golpes aconteceram em 2022.

O influenciador foi preso em uma casa de praia em Jurerê Internacional, Florianópolis (Santa Catarina), também neste domingo, sob a acusação de estelionato. Ele, que já havia sido alvo de uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul por suspeita de fraude e lavagem de dinheiro, é suspeito de estar envolvido em outras ações ilícitas que envolvem a movimentação de mais de R$ 5 milhões.

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"Eles criaram essa empresa, sediada na internet. E a partir dessa empresa, eles começaram a vender diversos produtos abaixo do preço de mercado, fazendo diversas vítimas", explicou à imprensa o delegado Marco Guns sobre a "Tadizuera", que operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022. A empresa era de Nego Di e do sócio dele, Anderson Boneti.

Nego Di é preso por estelionato em investigação que apura golpes de mais de R$ 5 milhões
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A Polícia Civil também explicou que as vítimas confiaram em Nego Di em razão da sua expressividade nas redes sociais. "Nesta fraude foi utilizada os conhecimentos, a sua influência nas redes sociais para atrair as vítimas", disse o delegado Fernando Sodré. "São pessoas, muitas vezes humildes, que utilizam do seu dinheiro, do seu trabalho, para a compra desses produtos, mas que acabam não recebendo esses produtos", acrescentou a delegada Adriana da Costa.

Ainda de acordo com as investigações, a empresa tinha um prazo de entrega dos produtos de 50 dias, considerado acima do normal. Segundo a polícia, muitas vítimas relataram que, por não receberem os itens, tiveram que arcar com um novo custo para a compra do mesmo produto.

A "Tadizuera", conforme os delegados, foi responsável por lesar cerca de 370 vítimas, muitas delas na cidade de Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, além de outras espalhadas por diferentes estados. Nenhum dos aparelhos vendidos foi entregue. 

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O sócio de Nego Di, Anderson Boneti, é considerado foragido pela polícia e continua sendo procurado. Segundo informações policiais, Nego Di está a caminho do Rio Grande do Sul e deve chegar por volta das 22h. O humorista será recolhido na Penitenciária de Canoas (Pecan).

Segundo a Polícia Civil, há "um farto material probatório de estelionato" contra o influenciador e humorista. Os delegados também refutaram as alegações de "perseguição política" feitas por Nego Di no caso e destacaram que "não há nenhum momento no inquérito qualquer conteúdo ou que tenha perspectiva de caráter político. É uma investigação técnica". 

Como funcionava o esquema, segundo a polícia

De acordo com a Polícia Civil, o esquema passou a ser investigado em 2022. Na época, a movimentação financeira em contas bancárias ligadas a Nego Di passou de R$ 5 milhões, conforme levantamento feito a partir de quebras de sigilo bancário.

A loja virtual "Tadizuera" funcionou entre 18 de março e 26 de julho de 2022, mês em que a Justiça determinou que o site fosse retirado do ar. 

Conforme as investigações, Nego Di promovia a venda de produtos como aparelhos de ar-condicionado e televisores em suas redes sociais, frequentemente oferecidos por preços inferiores aos de mercado. Muitos de seus seguidores, que somam mais de 10 milhões, realizaram compras, mas nunca receberam os produtos, de acordo com a polícia.

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A investigação revelou que não havia estoque, e que Nego Di enganava os clientes prometendo entregas que ele sabia que não ocorreriam. Mesmo assim, ele movimentou grandes quantias de dinheiro nas contas bancárias da empresa.

Os delegados descartaram, por enquanto, qualquer envolvimento de Gabriela Sousa, esposa de Nego Di, no esquema da loja virtual. 

O que diz a defesa

Em nota, assinada pelos advogados Hernani Fortini, Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula, a defesa afirmou ao Terra que está tomando todas as medidas cabíveis. Confira o posicionamento na íntegra:

"Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis.

Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.

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Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di. 

Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade".

Fonte: Redação Terra
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