Os novos chefes dos PCC na rua são Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, e Pedro Luiz da Silva Soares, o Chacal. Eles são aliados e Marcola e integram a cúpula da 'Sintonia Final' da organização criminosa.
Desde o racha histórico do Primeiro Comando da Capital (PCC), a facção tem novos chefes nas ruas: Patrick Uelinton Salomão, conhecido como o Forjado, e Pedro Luiz da Silva Soares, o Chacal. Ambos estão do lado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, mesmo depois da crise motivada pela insatisfação de alguns membros com relação ao poder acumulado e decisões “contraditórias” do Número 1. A informação é do colunista do Uol, Josmar Jozino.
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Forjado é um dos integrantes da 'Sintonia Final' do PCC, apontado como um dos líderes da facção nas ruas. Ele está em liberdade desde 18 de fevereiro de 2022, e assumiu a função entre 2017 e 2018, por indicação de Marcola.
Antes disso, ele ocupava o posto de ‘Sintonia Geral’, um abaixo do que está hoje. À sua ficha criminal estão atribuídas condenações por homicídio, formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e porte ilegal de armas, que lhe renderam uma sentença de 15 anos de prisão.
Em março de 2023, Forjado foi alvo da Polícia Federal em uma operação para desarticular o plano do PCC para sequestrar e assassinar autoridades, entre elas o ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro e senador Sérgio Moro (União-PR), além do promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya.
Já seu comparsa, Chacal, foi libertado em outubro de 2023, após oito anos preso. Ele também está na ‘Sintonia Final’ desde 2018, por indicação do Número 1. Sua última prisão ocorreu em outubro de 2015, quando ele liderou uma quadrilha responsável por ataque a um caixa eletrônico em Bauru, no interior de São Paulo.
A prisão, segundo o Estadão, ocorreu após a Polícia Militar receber uma denúncia anônima e surpreender líderes do PCC durante uma reunião em uma chácara na cidade. Houve troca de tiros e três suspeitos morreram.
Missões da dupla criminosa
Conforme o colunista, o Ministério Público de São Paulo acredita que junto com outros comparsas, Forjado e Chacal estão em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Sua missão lá é fortalecer o tráfico de drogas da facção, que é a atividade mais lucrativa do PCC.
Além disso, eles seriam responsáveis por planejar o sequestro de autoridades públicas e policiais penais, para usá-los como moeda de troca na libertação de líderes do PCC detidos em penitenciárias federais. Ambos são considerados os aliados mais fortes de Marcola em liberdade, e chamados de ‘a palavra’ do PCC, que tomam as decisões da facção.
Racha na facção
De acordo com o Estadão, o PCC enfrenta uma grande crise motivada pela insatisfação de alguns membros com relação ao poder acumulado e decisões “contraditórias” de Marcola. Além disso, falas do líder máximo, gravadas dentro da penitenciária, foram consideradas decisivas para que Roberto Soriano, o Tiriça, fosse condenado a 31 anos e seis meses de prisão pela morte da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, de 37 anos.
Devido ao racha criado por essas confusões dentro da facção, Marcola teria encomendado a morte de três membros da alta cúpula do PCC e antigos aliados do chefe maior, entre eles Tiriça. Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, também aparecem no “salve” (ordem geral para membros) investigado pelo Ministério Público de São Paulo. Os três estão presos na Penitenciária Federal de Brasília.
Durante o julgamento do crime que ocorreu em maio de 2017, foi usado o trecho de uma fala de Marcola. “No (tribunal do) júri do Roberto Soriano foi usado um trecho de gravação em que o Marcola dizia que ele não era como o Roberto Soriano, que não era ‘sanguinário’ ou ‘louco’ como ele, que tomou aquela medida de mandar matar a psicóloga”, afirmou ao jornal o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado.
Segundo o promotor, a gravação foi fundamental para a condenação. “O Soriano não perdoa e não perdoou o Marcola por isso. Ele falou: ‘se fosse eu que tivesse falado isso e, no julgamento do Marcola, fosse usada uma gravação da minha voz dizendo que sou bonzinho, e não como ele, eu estaria morto’. E de fato estaria. Isso está causando uma discussão interna”, frisa Gakiya.
No “salve” interceptado pelas autoridades policiais, a Sintonia Final, cúpula mais alta do PCC, afirma que Marcola não teve a intenção de prejudicar Tiriça e que a insatisfação quanto a esse episódio, portanto, seria injustificada.
“Todos aqueles que se levantarem no intuito de criar racha e discórdia dentro da nossa organização serão excluídos e decretados (jurados de morte)”, diz trecho do comunicado publicado na internet pela facção.