Mais dois ônibus foram incendiados, desta vez em Peixoto de Azevedo, na madrugada de hoje, 48 horas depois que o mesmo foi feito com seis coletivos em Sinop. A distância entre as duas cidades, que ficam na região norte de Mato Grosso, é de 180 quilômetros.
Em Sinop, o atentado foi assumido por detentos do Presídio Ferrugem, como reação contra o sistema de revista na unidade prisional. Ao vivo, via celular em um programa de televisão, um deles avisou que, para serem ouvidos, não parariam por aí. Em nota pública, avisaram também que se preciso, seriam "implacáveis”. Os detententos chegaram também a ameaçar de morte agentes prisionais.
Detentos do mesmo presídio assumiram a autoria do incêndio, que assustou a população local, no domingo (3) à noite. Houve pelo menos quatro explosões, já que os tanques de combustível estavam cheios. Os veículos estavam parados em um terminal na região central. Não houve pessoas feridas. Restaram somente as ferragens dos carros.
O delegado Ferdinando Frederico Miuta, que conduz o inquérito do caso em Peixoto, explica que os veículos queimados na madrugada de hoje eram usados para o transporte de pacientes. "São da Prefeitura e estavam no estacionamento do Hospital Municipal. Um deles havia sido todo equipado, com recursos médicos de urgência e emergência. O outro era um microonibus para transporte de passageiros. Mas, assim como em Sinop, só restaram as carcaças”, informou o delegado. “Só que ainda não tem como dizer que a ordem para queimar partiu de dentro do presídio”.
Ainda são poucas as informações que constam do inquérito aberto para apurar o caso. “O incêndio foi provocado aparentemente por gasolina e ocorreram várias explosões com chamas altas”, narra o delegado. Já foram identificadas também testemunhas oculares, que viram, pouco antes da hora do crime, quatro pessoas rondando o hospital a pé. Depois, teriam entrado no pátio do prédio. O delegado vai ouvi-las entre hoje e amanhã.
Amostras do material colhido no local do incêndio já foi encaminhado à perícia técnica.
Em Sinop, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) tentou estancar a revolta estabelecendo data e hora certa para visitas e separando visitas familiares das visitas íntimas. Também transferiu oito detentos para Cuiabá e da capital para presídios federais em outros estados. Não foram divulgados os nomes, nem dos transferidos, nem das unidades que vão recebê-los.
Até o fechamento desta matéria, a polícia não havia conseguido confirmar a conexão entre os atentados de Peixoto de Azevedo e Sinop.