Um dos pacientes que contraiu HIV após um transplante de coração no Rio de Janeiro revelou que começou a se sentir mal logo após receber alta, em fevereiro. Após o diagnóstico, ele iniciou o tratamento com medicamentos para combater a infecção, o que resultou em uma piora em suas funções renais. Agora, ele foi informado de que precisará de um transplante de rim. O depoimento foi dado em entrevista exclusiva à BandNews.
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Pela primeira vez, o homem de 63 anos, que optou por não revelar sua identidade, concedeu uma entrevista. Ele afirmou que tem recebido pouco ou nenhum apoio do governo do Rio de Janeiro, mencionando que, após a descoberta da infecção, apenas duas ligações foram feitas.
O paciente, natural de Salvador, na Bahia, foi submetido ao transplante na madrugada de 25 de janeiro. Ele relatou à equipe da BandNews FM que começou a se sentir mal logo após receber alta em fevereiro. Apresentando falta de apetite e náuseas, os médicos inicialmente suspeitaram que os sintomas poderiam ser sinais de rejeição do órgão.
Em agosto, durante uma consulta de rotina, já em Salvador, os médicos notaram lesões em sua pele. Após exames complementares, foi confirmado o diagnóstico de infecção por HIV.
Em posicionamento ao Terra, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) informou que fez contato com a família por telefone e ofereceu possibilidade de visita à Bahia para acolhimento presencial. Veja, abaixo, a nota na íntegra:
"A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informa que fez contatos com a família por telefone e ofereceu a possibilidade de visita à Bahia para acolhimento presencial. A equipe ainda se colocou à disposição manter contatos por videochamada para fazer o acompanhamento do paciente e dar apoio psicológico.
Também foi indicado um centro referência em doenças infecto-contagiosas na região para atendê-lo. O Hospital Couto Maia foi disponibilizado, em acordo com a Secretaria de Estado de Saúde da Bahia. O filho e cuidador do paciente agradeceu o apoio, mas explicou que preferia seguir com o tratamento na rede particular. Mesmo com a decisão, a SES manterá o contato para acompanhamento deste caso".
Seis foram presos após pacientes infectados
Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio do laboratório PCS Labs Saleme, foi preso nesta quarta-feira, 23, por envolvimento no caso dos exames falsificados que permitiram a liberação de órgãos infectados com o vírus HIV para transplante.
Matheus é filho de Walter Vieira, também sócio do laboratório, que já estava preso. Ele se apresentou voluntariamente à polícia, acompanhado de um advogado, após a Justiça decretar sua prisão. Desde as primeiras horas do dia, equipes da Delegacia do Consumidor (Decon) já estavam nas ruas em busca dele para cumprir o mandado.
A Decon concluiu o inquérito sobre a contaminação por HIV em transplantes decorrentes dos laudos falsificados pelo PCS Saleme, indiciando seis pessoas --sócios e funcionários do laboratório.
Os indiciados responderão pelos crimes de lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável, associação criminosa, falsidade ideológica e indução de consumidores a erro. Uma das envolvidas também foi acusada de falsificação de documento particular, por apresentar um diploma falso. Todos os seis envolvidos foram presos.
No curso da investigação, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas unidades do PCS Saleme e em locais vinculados aos investigados. O material recolhido ainda será analisado e poderá fornecer novos elementos para a continuação das investigações.
Com o envio do relatório final ao Ministério Público, a Decon também continua investigando o processo de contratação do laboratório, em parceria com o Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) da Polícia Civil e a Controladoria-Geral do Estado. A força-tarefa do governo do Estado busca esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos.
Na terça-feira, 22, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) formalizou a denúncia contra os seis sócios e funcionários do laboratório PCS Saleme.