As cenas de um rapaz sendo jogado do alto de uma ponte por um policial militar, na zona sul de São Paulo, estarreceram autoridades e mobilizaram uma investigação interna que, até o momento, afastou 13 agentes das ruas até o fim das apurações. O pai da vítima, Antônio Donizete do Amaral, afirma que o filho não tem antecedentes criminais e cobra 'explicações' do PM que arremessou o rapaz.
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Segundo Antônio, o filho se chama Marcelo, tem 25 anos e atua como entregador. Em entrevista ao Jornal Nacional, ele afirma que o filho está bem. Marcelo machucou o rosto ao ser arremessado do alto da ponte, na Cidade Ademar, e cair de cabeça, a uma altura de três metros até um curso de água rasa.
Após ser socorrido por pessoas em situação de rua, o rapaz foi levado a um hospital e voltou para casa ao receber alta, explicou o pai.
"Está bem, mas não consegui falar com ele, ainda. É inadmissível, não existe isso aí. Acho que a polícia está aí para fazer a defesa da população e não fazer o que fez", disse Antônio.
O pai de Marcelo ressalta, ainda, que o rapaz não tem antecedentes criminais e nem passagens, e cobra por 'explicações' do PM que atirou seu filho do alto da ponte.
"Trabalhador. Menino que sempre correu atrás do que é dele. Ele não tem envolvimento, não tem passagem, não tem nada. Eu gostaria de uma explicação desse policial e o porquê ele fez isso", disse o pai.
Reação das autoridades
O ouvidor da Polícia de São Paulo, professor Cláudio Aparecido da Silva, criticou, nesta terça-feira, 3, a ação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) no âmbito de sucessivos casos de violência policial no Estado e afirmou que há 'descontrole da tropa', citando o caso de Marcelo.
Em posicionamento enviado ao Terra, Cláudio afirma que as imagens da morte de Gabriel Renan da Silva, baleado nas costas por um PM de folga no Jardim Prudência, na zona sul de SP, e do homem atirado do alto de uma ponte na Cidade Ademar, remetidas à Ouvidoria na noite de segunda-feira, 2, "dão medida do descontrole da tropa na combalida segurança pública" do Estado.
Para Cláudio, ambos os casos, 'com desfechos tristes e evitáveis', remetem ao descontrole do contingente policial paulista e à sensação de impunidade dos agentes: "Resta perguntar quem a ortogou, pois sabe-se que na PM a hierarquia é o principal dogma".
O Ministério Público, por sua vez, classificou como "estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis" as imagens que mostram a ação de violência policial.
Segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, o vídeo mostra que o suspeito já estava rendido e sob controle dos policiais. "Os agentes tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada", afirmou.
Já o governador Tarcísio de Freitas afirmou que o caso será investigado e "rigorosamente punido".
"A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras", escreveu o governador em seu perfil no X (antigo Twitter).