Parentes de vítimas de serial killer em GO pedem por justiça

Dos 18 crimes investigados pela força-tarefa, 16 teriam Tiago como autor confirmado

16 out 2014 - 17h19
(atualizado às 17h22)
Clinge pai de Bruna, uma das vítimas, quer justiça
Clinge pai de Bruna, uma das vítimas, quer justiça
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

“Me sinto um pouco aliviado, mas nada vai fazer ela voltar. Mas também me sinto um pouco revoltado: por que o cara que tem uma mãe, uma avó, irmãos, e mexe com a filha dos outros por motivo fútil? Esse é um cara que não merece nem o perdão de Deus”, disse Clinge Gonçalves de Oliveira, pai de Bruna Gleycielle de Sousa Gonçalves, 27 anos, uma das moças assassinadas, pelo vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, que foi apresentado nesta quinta-feira (17) pela Polícia Civil de Goiás, tendo confessado 39 mortes em Goiânia.

Dentre as vítimas de Tiago, 16 são mulheres e oito são moradores de rua. Quinze outros crimes estariam ainda em fase de apuração. Grande parte dos familiares de vítimas do acusado, que compareceram à apresentação, chorou ao ver o suposto assassino de suas filhas, irmãs ou namoradas. Alguns chegaram a passar mal. 

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Tiago ficou em silêncio durante a apresentação
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

Segundo Oliveira, Bruna sonhava em fazer faculdade. “O cara fala que tem a sensação de matar para eliminar as tensões dele. As famílias que fiquem sofrendo. Mata só por prazer, só para dizer que ele é o cara. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Eu quero Justiça”, acrescentou aos prantos. 

Ronaldo Ferreira Felipe, também chorava. Pai de Wanessa Oliveira Felipe, 22 anos, ele sente tristeza pela dor da família, e também espera uma punição justa para Tiago. "Não tenho raiva dele, nem ódio. Tenho um sentimento doloroso do porque eu perdi a minha filha por nada. Lembro de minha filha. Nunca vi minha filha chorando, só vi ela sorrindo”, começou, emocionado. “Nunca pensei em vingança. Acho que justiça tem que ser feita, como está sendo feita aqui. Mas aguardamos a justiça divina, que nunca tardou, sempre vem na hora certa, e a dele virá. A justiça da Terra já está sendo feita", diz.

“Assassino! Assassino!”, disseram outros parentes de outras vítimas, clamando por Justiça, quando viram Tiago. O acusado, que a polícia acredita ser um matador em série, chegou a tentar suicídio ontem a noite na cela onde estava recolhido ferindo os pulsos com cacos de uma lâmpada, mas foi socorrido, medicado, e passa bem.

A prisão de Tiago foi resultado de 70 dias de investigação de uma força-tarefa composta por 150 policiais, formada em agosto, após constatada uma sequência de mortes de moças de 13 a 29 anos em Goiânia desde janeiro deste ano. Dos 18 crimes investigados pela força-tarefa, 16 teriam Tiago como autor confirmado. O assassino sempre agia usando uma moto, capacete preto e arma de fogo, atirando aparentemente sem nenhuma motivação. Nas investigações, a polícia descobriu que, para dificultar a identificação do veículo, Tiago usava capas de tanque de cor preta ou vermelha. 

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Um dos coordenadores da força tarefa policial, o Delegado Deusny Aparecido Silva, disse que a polícia reuniu provas robustas da culpabilidade do suspeito, que eram usadas para cometer os crimes, como roupas, mochilas, facas e outros objetos encontrados na casa do suspeito, além da moto e da  identificação positiva de um revólver calibre 38 como sendo a arma que foi utilizada em pelo menos seis assassinatos. Na casa do suspeito também foi encontrado um recorte de jornal com uma notícia sobre a morte de moradores de rua.

Sobre as motivações para o crime, o delegado contou o que a polícia ouviu do acusado. “Ele disse que precisava matar para acalmar sua raiva. Sentia raiva do mundo, de tudo, e precisava matar”, disse o policial. “Ele não tinha motivos para matar a pessoa, nem conhecia a pessoa”, disse ainda, afirmando que Tiago Gomes deve passar por exames psiquiátricos que apontarão se ele é mesmo um psicopata.

A polícia identificou, durante o interrogatório do acusado, que ele tem mesmo uma aversão a mulheres. Antes da apresentação do preso, advertiu que ele ficaria mais distante por causa deste tipo de reação intempestiva e violenta. “Quando as nossas agentes policiais femininas aproximavam dele ele ficava desinquieto e mudava o semblante”, disse o delegado Deusny.

Ainda segundo o delegado, as investigações mostram que Tiago, que também cometeu roubos, começou a matar anos atrás, em 2011. Nesta época as vítimas ainda não eram mulheres. “Ele começou com homens, a faca e depois estrangulando. Fala-se inclusive de travestis, teria passado para moradores de rua e depois resolveu passar para mulheres”, descreveu. Pelo menos no caso de uma das primeiras vítimas, um menor de nome Diego, a polícia suspeita que o acusado tenha ocultado o corpo, enterrando-o. A polícia estaria agora trabalhando para elucidar outros crimes relacionados ao perfil do acusado.  

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Fonte: Terra
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