Após arrastões e saques na noite desta quarta-feira e manhã desta quinta-feira, o clima de insegurança toma conta da região metropolitana do Recife. Diante disso, muitas lojas e bancos não abriram as portas, nesta quinta-feira, e as empresas que abriram liberaram os funcionários mais cedo.
Durante a madrugada, as lojas de eletrodomésticos Insinuante, nos bairros de Casa Amarela, Imbiribeira e Casa Forte, ambos no Grande Recife, foram arrombadas e saqueadas. A loja Eletroshopping, no bairro de Afogados, foi roubada no início da manhã.
Há relatos também de arrastões e saques no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, e no bairro de Caetés, em Abreu e Lima. A reportagem do Terra esteve em alguns bairros do Recife e de Jaboatão dos Guararapes e encontrou diversas lojas fechadas e poucas pessoas nas ruas.
A comerciante Mônica de Lima, 45 anos, dona de uma ótica no centro da capital do Estado, não abriu as portas por causa dos arrastões que supostamente estavam ocorrendo no local. “Uma funcionária chegou ao centro e me ligou dizendo que estava tudo fechado. Por causa do clima de tensão, preferimos não abrir hoje”, relatou Mônica.
No bairro do Recife, muitas empresas abriram as portas, porém, ao meio-dia liberaram os funcionários por causa do clima de tensão. Servidores públicos e estudantes também foram dispensados do trabalho e das aulas de diversas escolas e universidades públicas e privadas.
O comerciante Rilson Rocha, 46 anos, dono de uma banca de revista na avenida Rio Branco, no bairro do Recife, abriu o estabelecimento, mas “por causa da insegurança e das recomendações da imprensa e dos dirigentes lojistas” estava fechando a banca às 14h. “Parte da população está se aproveitando para roubar”, disse Rocha. “Amanhã espero poder abrir. Acredito que o Exército consiga inibir essa situação”, comentou.
Greve
A greve dos policiais militares e bombeiros entra em seu terceiro dia. Após reunião extensa, na noite de quarta-feira, os grevistas reduziram a pauta de reivindicações de 18 para quatro itens: aumentos de 50% para soldados e 30% para oficiais, plano de cargos e carreiras, reajuste do vale-alimentação de R$ 154 para R$ 500 e reforma do Centro Hospitalar da Polícia Militar. O governo disse se comprometer com os três últimos pontos, porém não poderia dar o reajuste salarial. Insatisfeitos, PMs e bombeiros decidiram manter a paralisação.
No final da noite desta quarta-feira, o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), desembargador Frederico Neves, declarou a ilegalidade da greve de policiais e bombeiros militares. Além de uma multa diária de R$ 100 mil para associações e movimentos independente de PMs e bombeiros que não retornarem ao trabalho.
O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reúnem no final da tarde no Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo estadual. Os primeiros homens da Força Nacional e do Exército chegaram ao Estado às 5h, porém mais tropas chegarão até o final do dia.