O comando da Polícia Militar de Pernambuco informou nesta sexta-feira que todo o efetivo da corporação já retornou ao trabalho e que o policiamento das ruas da região metropolitana do Recife já foi normalizado. O governo pernambucano deve divulgar um balanço das ocorrências registradas nos últimos dias.
No entanto, apesar do fim da paralisação, as tropas do Exército e da Força Nacional deslocadas para a capital pernambucana a fim de garantir o patrulhamento das ruas vão permanecer no local até que o governo estadual entenda que a situação está sob controle.
Todo o efetivo enviado pelo governo federal está sob o comando do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, designado como responsável pela chamada Operação Pernambuco e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Cardozo esteve ontem no Recife. No final da tarde, o ministro e de Nardi se reuniram com o governador João Lyra Neto, autor do pedido de apoio da Força Nacional, feito ao Ministério da Justiça, e de autorização para o emprego da Forças Armadas na região metropolitana do Recife, feito ao Ministério da Defesa.
Insegurança
Nessa quinta, ao confirmar o fim da paralisação, a Associação de Praças Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Pernambuco divulgou que ao menos 80% da categoria tinha aderido ao movimento. Com o policiamento das ruas da região metropolitana do Recife aos cuidados da Polícia Civil, o clima de insegurança se espalhou entre a população.
Lojas e caminhões foram saqueados, shopping centers e um grande número de estabelecimentos fecharam as portas e estabelecimentos de ensino suspenderam as aulas. Em Abreu e Lima, a prefeitura decretou ponto facultativo na quinta.
Após se reunir com Lyra Neto, Cardozo criticou o movimento, que, segundo ele, deixou a população desprotegida e refém de interesses corporativos. "É legítimo que se reivindique, mas é inaceitável que a população fique em desassossego. Os interesses corporativos nunca podem estar acima do (interesse) público".
Reivindicações
Entre 18 reivindicações, os policiais militares e bombeiros pedem melhores condições de trabalho; reajuste salarial de 50% para soldados e de 30% para oficiais retroativo a janeiro deste ano; aprovação de um novo plano de cargos e carreira; fim da pena de prisão prevista no Código Disciplinar; exigência de curso superior para admissão de novos militares; pagamento de uma gratificação para quem fizer cursos de especialização, além do aumento do valor do tíquete-refeição.
Com a decisão de retornarem ao trabalho, os policiais militares e bombeiros obtiveram a promessa de que, além de reabrir as negociações, o governo estadual encaminhará à Assembleia Legislativa um projeto de cargos e carreiras para a categoria, bem como de incorporação do risco de vida ao salário. A proposta deverá ser votada até 30 de julho, segundo acordo firmado com o governo.