O total de verbas públicas desviadas de 20 cidades baianas pode ultrapassar os R$ 70 milhões. A informação foi fornecida pela Polícia Federal (PF), durante entrevista coletiva, na qual delegados federais apresentaram um primeiro balanço da Operação 13 de Maio, deflagrada na manhã desta terça-feira, com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Receita Federal e da Previdência Social.
Mais cedo, a própria PF havia divulgado que os prejuízos aos cofres públicos chegava a pelo menos R$ 30 milhões. Os peritos do órgão chegaram à nova estimativa, de R$ 70 milhões, a partir dos documentos apreendidos hoje. A polícia diz ter encontrado indícios de que as irregularidades vinham sendo praticadas desde 2001, mas o valor já anunciado diz respeito apenas ao período entre 2009 e 2014.
O esquema foi descoberto a partir de uma fiscalização de rotina feita pela CGU, em 2007, na cidade de Fátima, a cerca de 340 quilômetros da capital baiana, Salvador. Em 2009, a CGU notificou a PF dos indícios de irregularidades. A investigação criminal foi iniciada em 2011, quando policiais federais passaram a monitorar os suspeitos de envolvimento com o esquema, acompanhando inclusive a movimentação financeira dos mesmos.
Dezenove pessoas foram presas em caráter temporário. Entre os já detidos, estão dois ex-prefeitos, dois vereadores, dois ex-vereadores, três secretários municipais, quatro funcionários públicos, empresários, pessoas que foram usadas como laranjas e outros suspeitos de participar do esquema.
Outros dez mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça Federal continuam em aberto - entre eles os dos prefeitos de Fátima, José Idelfonso Borges dos Santos, e de Sítio do Quinto, Cleigivaldo Carvalho Santarosa, que não foram encontrados. A Justiça também determinou o cumprimento de 83 mandados de busca e apreensão e determinou o afastamento cautelar de sete pessoas de qualquer função pública.
De acordo com a PF, o grupo usava empresas de fachada e laranjas contratados para a realização de serviços de engenharia, transporte escolar e realização de eventos sociais. Entre outras coisas, o grupo desviava parte do dinheiro que deveria ser pago, a título de gratificações, a professores do ensino fundamental.
Além de Fátima e Sítio do Quinto, foram constatadas irregularidades nos municípios baianos de Heliópolis, Ipecaetá, Aramari, Banzaê, Ribeira do Pombal, Água Fria, Novo Triunfo, Itiruçu, Ourolândia, Santa Brígida, Paripiranga, Itanagra, Quijingue, Sátiro Dias, Coração de Maria, Cícero Dantas, Lamarão e São Francisco do Conde. A maioria dos mandados estão sendo cumpridos em Fátima, onde funcionários da prefeitura confirmaram a prisão do secretário de Finanças, José Roberto Oliveira do Nascimento, e de seu pai, o ex-prefeito Osvaldo Ribeiro Nascimento.