Durante a investigação da Operação Darknet contra divulgação de pornografia infantil, deflagrada pela Polícia Federal em 18 Estados, nesta quarta-feira, um dos suspeitos presos planejava abusar da filha que ainda estava por nascer, segundo relataram os responsáveis pela investigação. Um ponto que chocou os investigadores foi a crueldade praticada pelo grupo. Só hoje, 51 pessoas foram presas.
“Ele disse que iria abusar da própria filha, e no momento da prisão, ele reconheceu isso em frente da esposa e de toda a equipe, foi uma coisa muito chocante. O nível de crueldade do que aparecia nesses vídeos e nessas fotografias chocam qualquer cidadão, até policial que está acostumado com isso pode passar mal”, afirmou o superintendente da Polícia Federal do Rio Grande do Sul Sandro Carion.
A prisão deste indivíduo que relatava o abuso contra a filha ainda não nascida foi realizada antes da operação deflagrada hoje, por conta dos risco potencial de abuso. “Optamos por antecipar as prisões porque tínhamos informações de que tinham acesso a crianças e que iam consumar os atos”, relata o delegado.
Ao todo, seis crianças que sofriam ou que poderiam sofrer abusos foram resgatadas pela polícia. ˜Se o resultado da investigação tivesse sido apenas o resgate dessas crianças, já teria valido a pena”, diz Carion.
Entre os presos, estão servidores públicos, como um homem que trabalhava em uma Secretaria de Segurança, e um seminarista. "Pessoas de todas as classes sociais”, mas que tinham em comum um grande conhecimento de informática, completa a delegada Diana Kalazans
Pela primeira vez no País foi deflagrada uma operação da Polícia Federal contra crimes relacionados com pedofilia realizada na Deep Web, uma espécie de submundo da internet. Operações semelhantes só tinham sido realizadas pelo FBI e pela polícia inglesa.
“A Polícia Federal foi evoluindo mais profundamente no mar que é a internet, porque além da internet que usamos no dia a dia, que são as páginas indexadas, que ficam em um cadastro, por meio do qual se faz a pesquisa, existe um mundo muito maior, que são as redes internas de empresas, de bancos, de governo, que trafegam, mas que não é acessível para o usuário. Para acessar tem que se utilizar determinadas ferramentas ou saber o caminho para acessar o conteúdo”, explica a delegada Diana, dizendo que neste ambiente são utilizados softwares que impedem a identificação, proteção que foi burlada pela Polícia Federal.
“Existem várias formas de navegar de forma anônima, mas a PF desenvolveu ferramentas que permitem rastrear a localização”.