A Delegacia de Proteção aos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias de Teresina (PI) abriu inquérito nesta quinta-feira (15) para apurar denúncia de cárcere privado envolvendo uma estudante de 19 anos. A jovem foi resgatada da residência dos pais e contou que ficou 27 dias presa após revelar ser homossexual. Na delegacia, a vítima disse ainda que sofreu agressão física e que o pai chegou a lhe ameaçar de morte.
“Eles (os pais) me prenderam e me bateram muito com corda. Dizia que se eu não seguisse uma vida correta sendo hétero, ele me mataria”, contou a garota na delegacia. O delegado Emir Maia, que resgatou a jovem no bairro Matinha, zona Norte de Teresina, contou que ela estava bastante abalada. “Ela está com síndrome do pânico, com fobia do pai e da mãe e chorando muito”, disse o delegado.
No dia 19 de dezembro, a jovem disse que o pai descobriu seu namoro de nove meses e lhe deu uma surra com socos e pontapé. A partir desde dia, ele teria recolhido o celular, os cartões de crédito e os documentos pessoais e proibiu sua saída. Porém, a jovem tinha outro celular escondido e acionou a namorada.
Nesta quinta-feira, os pais se apresentaram na delegacia e negaram a denúncia de cárcere privado. “Os pais disseram que a namorada da vítima é que colocou a filha na perdição e que eles não aceitam a sua homossexualidade. Ele se mostrou uma pessoa violenta, mas negou a prisão da filha”, disse o delegado. Além do crime de cárcere privado, os pais vão responder por lesão corporal, injuria racial e até tortura.
A estudante foi encaminhada para o grupo Matizes, entidade que trabalha nos direitos dos homossexuais no Piauí, para atendimento psicológico. O delegado informou ainda que na segunda-feira e no máximo até terça-feira, os pais irão prestar depoimentos.
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