PM entra em greve e Salvador vive "toque de recolher"

Deflagrada no início da noite desta terça-feira, a greve da polícia e dos bombeiros militares é por tempo indeterminado; cidade se recolhe ante a ameaça de arrastões e falta de transporte público

16 abr 2014 - 00h02
(atualizado às 08h57)
Vereador Marco Prisco, representante dos PMS, anunciou a greve da categoria nesta terça-feira
Vereador Marco Prisco, representante dos PMS, anunciou a greve da categoria nesta terça-feira
Foto: Margarida Neide/Ag. A Tarde / Futura Press

A greve dos policiais e bombeiros militares decretou uma espécie de toque de recolher tácito em Salvador, na noite desta terça-feira.  Antes mesmo da deflagração do movimento, que aconteceu por volta das 19h40, após assembleia da categoria, a cidade já estava sobressaltada, com muitos rumores de arrastões e assaltos; longos engarrafamentos nas principais vias e corredores, provocados por quem antecipou a volta para casa; e informações desencontradas sobre a circulação dos transportes coletivos na capital baiana.

Apesar de o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Bahia ter garantido que a frota só seria recolhida em caso da confirmação da greve, no final da tarde as paradas de ônibus lotadas já demonstravam que a frota havia sido diminuída à revelia das determinações oficiais. “Cheguei no ponto às 16h30 e estou esperando por quase três horas”, afirmou a advogada Lair dos Santos, 42 anos, que trabalha no centro da cidade. “Saí mais cedo para aventurar chegar em casa antes da confusão, mas ainda estou aqui”, lamentou. 

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A partir da confirmação do movimento, as pessoas que ainda resistiam nas ruas correram contra o tempo para encontrar transportes coletivos e chegar em casa com segurança. “Estão todos sendo recolhidos para a garagem, nenhum para”, reclamou um usuário que não quis se identificar, enquanto esperava o transporte num dos pontos da avenida Paralela.

Segundo explicou o diretor de comunicação do sindicato, Daniel Mota, a entidade orientou que os ônibus sejam recolhidos hoje para segurança dos rodoviários. De acordo com Mota, os ônibus que estavam nas estações Pirajá, Lapa e Mussurunga rodaram normalmente e deveriam seguir até o fim de linha nesta noite.

Mas, para os dias de greve – prevista durar tempo indeterminado – o Sindicato dos Rodoviários prometeu, em nota, que haverá frota de ônibus circulando das 5h até às 18h durante todos os dias, até o fim do movimento. “Temos que manter a integridade dos trabalhadores. Se já é perigoso de dia, imagine à noite”, disse a assessoria da entidade, justificando o horário de recolhimento dos carros.

Risco de Arrastão

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Com o anúncio da possibilidade de greve, uma enxurrada de boatos de arrastões se espalharam pela cidade, muitos insuflados pelas redes sociais. Dessa boataria, poucos foram confirmados, como um ocorrido no bairro da Liberdade, por volta das 16h, causando pânico nos moradores. De acordo com informações da Superintendência de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Stelecom), cerca de 20 homens participaram da ação criminosa que levou os comerciantes do bairro a fecharem os estabelecimentos mais cedo.

Entre os boatos, também surgiu a informação de que houve outro arrastão na Lapa, mas a Stelecom não confirmou. Segundo o órgão, uma viatura foi encaminhada ao local e nada foi observado pelos policiais.

Outra ocorrência relacionada com a greve foi o assalto à churrascaria Sal e Brasa, localizada no bairro da Boca do Rio, logo após ser deflagrada a greve. De acordo com a Stelecom, os quatro criminosos, que ainda não foram identificados, chegaram em um carro modelo Gol e anunciaram o assalto, por volta das 20h. A polícia não tem informações sobre a quantia levada pelos assaltantes do estabelecimento, localizado na rua Iemanjá, e nem se alguma pessoa ficou ferida durante a ação criminosa.

Depois da declaração de greve, moradores do bairro Resgate informaram, pelas redes sociais, que homens com moto estariam aterrorizando a população, fechando as ruas, promovendo assaltos e desferindo tiros para cima. De acordo com postagens, os criminosos assaltaram pessoas e estabelecimentos, e as pessoas corriam pelas ruas, em busca de abrigo. “Um verdadeiro caos!”, finaliza uma das postagens.

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Greve

Os policiais e bombeiros militares decidiram entrar em greve por tempo indeterminado em assembleia realizada nesta terça-feira no Wet'n Wild, na avenida Paralela, em Salvador. A assembleia, que começou por volta de 18h20, teve o objetivo de discutir as propostas apresentadas pelo governo da Bahia de reestruturação e modernização da Polícia Militar.  

Com mais de três horas de atraso e após mais de uma hora em reunião fechada com os representantes dos PMs, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), o vereador Marco Prisco, leu a proposta do governo, que foi rejeitada. Prisco, que levou mais de duas horas para chegar à reunião portando a proposta do governo, encontrou por lá um clima tenso. Principal líder da greve das polícias de 2012, ele chegou vestido num colete à prova de balas e foi recebido como celebridade no encontro.

Antes da apresentação da nova proposta, o clima ficou tenso e os policias começaram a entoar cânticos como "ô, ô, ô a PM parou". O deputado Capitão Tadeu Fernandes disse que o governo foi tímido em suas propostas e não cumpriu a lei de isonomia entre ativos e inativos.

O presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Estado da Bahia (APPM-BA), Agnaldo Pinto, confirmou a greve desta associação e disse que a categoria não aceitou as propostas feitas pelo governo. “A tropa entende o que foi oferecido foi muito pouco”, disse ele. Segundo Pinto, já havia um indicativo de greve. “E agora é pedir para o governo negociar o mais rápido possível”, concluiu.

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Fonte: Especial para Terra
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