O policial militar filmado arremessando um homem de uma ponte na Zona Sul da capital paulista já foi indiciado por homicídio após matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo. Luan Felipe Alves Pereira se envolveu na ocorrência em março do ano passado.
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Segundo informações obtidas pelo Terra, o caso ocorreu por volta das 19h, do dia 26 de março de 2023, na Travessa Espelho Mágico, na Vila Nogueira. De acordo com a Portaria do Inquérito Policial, ele integrava a equipe da Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.
Naquele dia, juntamente com outro soldado, faziam patrulhamento pela Rua Padre Antônio Tomás, quando avistaram um homem sem capacete em uma moto, andando em alta velocidade. A equipe iniciou o acompanhamento com a viatura, e mesmo após dar sinais sonoros e de luz, o motociclista não parou e seguiu em alta velocidade.
O inquérito policial ainda dá conta de que o motociclista tentou subir a escadaria com o veículo, mas tombou e seguiu a fuga a pé. O soldado o seguiu a pé pela Rua do Café e quando chegou à esquina da Travessa, conforme relatado, viu que o homem estava armado, e tentou disparar, mas eles "foram infrutíferos" pois não saíram.
Ainda segundo o relato, Luan Felipe disparou doze vezes contra o homem, que caiu no chão. O caso foi levado à Justiça, mas em agosto foi arquivado após o Ministério Público se mostrar favorável, alegando que o PM agiu em legítima defesa. No início deste ano, o processo foi extinto.
O Terra não conseguiu localizar a defesa do soldado. O espaço permanece aberto para manifestações.
Prisão
O soldado Luan Felipe foi preso na manhã desta quinta-feira, 5, após determinação do Tribunal de Justiça Militar do Estado e pedido da Corregedoria da instituição. O Ministério Público classificou o caso como "estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis" as imagens que mostram a ação de violência policial.
Segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, o vídeo mostra que o suspeito já estava rendido e sob controle dos policiais. "Os agentes tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada", afirmou.
Conforme a SSP informou em nota, “o caso também é apurado pela Polícia Civil, por meio da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (CERCO) da 2ª Seccional. Diligências estão em andamento para a oitiva da vítima e o esclarecimento dos fatos”.
Jovem arremessado de ponte
O caso aconteceu na madrugada da última segunda-feira, 2, no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital. Nas imagens da ação, é possível ver outros três policiais militares, além do responsável pelo pela agressão contra o rapaz, que aparenta já estar contido no momento.
A vítima foi identificada como Marcelo, de 25 anos. Ele trabalha como entregador e não tem antecedentes criminais, conforme o pai, Antônio Donizete do Amaral, contou ao Jornal Nacional, da TV Globo.
"Trabalhador. Menino que sempre correu atrás do que é dele. Ele não tem envolvimento, não tem passagem, não tem nada. Eu gostaria de uma explicação desse policial e o porquê ele fez isso", disse o pai.
O homem também afirmou que o filho está bem e sofreu apenas ferimentos no rosto após ter caído de cabeça na água, de uma altura de três metros.
Após o caso viralizar, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Muraro Derrite, afirmou que a “ação não encontra respaldo nenhum nos procedimentos operacionais da Polícia Militar”. Ele também destacou que “ações isoladas como essa” não podem manchar a imagem da instituição.
Na terça-feira, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) citou o caso ao falar que um policial militar que "atira pelas costas" ou "joga uma pessoa da ponte" não está "à altura de usar essa farda”.